Título: Mantega empurra para Congresso volta da CPMF
Autor: Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2008, Nacional, p. A6

Mantendo tática do Planalto, ele diz que não lançará proposta, mas aceitará discuti-la, caso venha à tona

Sem assumir a paternidade da proposta de recriar a CPMF, levantada por líderes da base, o governo Lula mostrou de novo ontem que pretende estimular o assunto. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não descartou a possibilidade de discutir a proposta, se for feita pelos parlamentares. ¿O governo não está pensando, neste momento, numa nova CPMF. É uma página virada. Mas é claro que, se o Congresso tiver alguma proposta, o governo aceita discutir.¿

O ministro das Relações Institucionais, José Múcio, afirmou que o governo não vai se envolver na discussão, mas também destacou a falta de recursos para a saúde. ¿Alguma coisa precisa acontecer. Ou por reforma tributária ou... Há uma falta de recursos para a saúde¿, disse.

Ao chegar para reunião com Mantega, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse ser contra recriar o tributo. Na saída, mudou o tom: ¿Sou a favor de todas as iniciativas que garantam ao setor uma estrutura de financiamento sustentável. O Brasil não tem estrutura de financiamento da saúde.¿

O ministro disse que o urgente é regulamentar a Emenda 29 e o Congresso deveria resolver isso antes de discutir se recria a CPMF. E reafirmou que o governo não vai propor nada. ¿O ônus da solução é do Congresso, que criou o problema.¿

Ele contou que não obteve de Mantega nenhum aceno de recursos adicionais. ¿O ministro me serviu água, muita simpatia, mas não me acenou nada.¿

Temporão afirmou que a oposição ¿tem que assumir o ônus político¿ pelo fim da CPMF e os prejuízos que causa para a saúde. Segundo ele, seu ministério perdeu R$ 4 bilhões adicionais para o PAC da Saúde neste ano.

Em seu blog, o DEM acusou o ministro de ser ¿um falastrão irresponsável e um mentiroso compulsivo¿ e o presidente Lula de cometer ¿crime de responsabilidade¿ ao cortar verbas. ¿O governo Lula corta, criminosamente, as verbas da saúde determinadas pela Emenda 29.¿

EDUCAÇÃO

Reitores de universidades federais, secretários de Educação, professores e estudantes decidiram se unir para tentar evitar cortes na educação. Ontem, 10 entidades divulgaram nota exigindo que não seja alterado o Orçamento para a área. ¿É imprescindível que os recursos para a educação não sejam submetidos a restrições, cortes ou contingenciamentos, ao sabor da conjuntura e de eventuais desequilíbrios tributários.¿ COLABORARAM FERNANDO NAKAGAWA E LISANDRA PARAGUASSÚ