Título: No Incra do DF, saques foram de R$ 106,7 mil
Autor: Recondo, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2008, Nacional, p. A9

Nas representações de órgãos federais nos Estados, tirar dinheiro é o principal uso de cartões corporativos

Felipe Recondo, BRASÍLIA

Saques em espécie são comuns nos escalões inferiores da Esplanada e nas representações nos Estados. Na Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Distrito Federal, os 34 cartões corporativos foram usados apenas para saques na boca do caixa, o que significou uma despesa de R$ 106.730. Um dos funcionários sacou dinheiro 24 vezes no ano com o cartão corporativo,15 delas no valor de R$ 1 mil. No total, suas retiradas em caixas eletrônicos somaram R$ 18.540.

O mesmo ocorreu na Superintendência do Incra no Acre. Os cartões foram usados única e exclusivamente para saques. Os oito funcionários com direto a utilizá-lo retiraram, ao todo, R$ 61.140 no ano passado. Um deles sacou R$ 14 mil - 14 operações de R$ 1 mil. Outro servidor fez dez saques de R$ 1 mil.

De acordo com o controlador-geral da União, Jorge Hage, os servidores do Incra têm maior flexibilidade para sacar recursos na boca do caixa, pois viajam muito para o interior. No entanto, nem mesmo o Incra soube, de pronto, explicar por que as retiradas eram tão altas e feitas, em alguns casos, em dias seguidos.

Na Delegacia Regional do Trabalho, no Pará, que não tem a mesma flexibilidade para saques que o Incra, todos os 53 cartões foram usados para retiradas em dinheiro, num total de R$ 89.867.

Na Radiobrás, os sete cartões só serviram para os saques em caixas automáticos, no valor total de R$ 22.785. Na Delegacia Regional do Trabalho de Goiás, o único cartão disponível serviu, com exceção de uma compra de R$ 90, apenas para retiradas de um servidor. Total dos saques: R$ 9.335.

COMPRAS

Mas há outros casos em que o cartão foi usado de forma que chama a atenção. Um funcionário do Incra na Bahia fez, num único dia, 11 compras na mesma loja, a Yamada Comercial Agrícola. No total, as compras fecharam um valor redondo: R$ 5 mil. O mesmo fez outro servidor do Incra: foram sete compras, no total de R$ 4.700 no mesmo dia na loja Unidos Comércio de Embalagens Plásticas.

Também no Incra, no Projeto Fundiário Vale do Araguaia, um funcionário abasteceu o carro durante todo o ano no mesmo posto. Na maioria das vezes, abastecia o carro duas vezes ao dia. Chegou a gastar somente em um dia R$ 651 em combustível.

Foi por conta dessa prática que o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu, nesta semana, investigar os gastos com cartão corporativo. E o principal foco da apuração é identificar se está havendo abuso nos saques em espécie.

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