Título: Ibovespa volta ao nível de setembro
Autor: Violante, Claudia
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2008, Economia, p. B3

Alívio na fala do presidente do Fed não veio e bolsa paulista, como as demais, teve forte queda no dia, de 2,96%

A expectativa de que o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, pudesse trazer algum alívio para o mercado financeiro não se confirmou. No Brasil, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), ainda influenciado pela fuga do capital estrangeiro, continuou despencando e chegou a perder, no pior momento do dia, o suporte dos 56 mil pontos.

Entenda a origem da crise nos EUA

Na mínima, foi para 56.734 pontos, em queda de 3,48%. Mas teve uma ligeira recuperação e fechou em baixa de 2,96%, em 57.036,8 pontos, o nível mais baixo desde 21 de setembro. Na máxima do dia, subiu 1,47%. No mês, a queda acumulada é de 10,72%. O volume financeiro negociado somou R$ 6,578 bilhões. O risco Brasil, que mede a confiança dos investidores estrangeiros no País, subiu 4,24%, para 246 pontos.

Nos Estados Unidos, o Índice Dow Jones caiu 2,46%, para 12.159 pontos, menor nível desde o dia 16 de março de 2007, quando fechou em 12.110 pontos. O Standard & Poor¿s 500, que reflete o desempenho das ações das 500 maiores empresas dos EUA, recuou 2,67% e a bolsa eletrônica Nasdaq, 1,99%.

Sem novidades no discurso de Bernanke, os investidores se apegaram aos dados de atividade divulgados pelo Fed da Filadélfia e ao número de novas construções. Ambos foram ruins.

Um dado para contrabalançar o pessimismo foi o de pedidos de auxílio-desemprego. Os números foram melhores que as previsões, já que houve uma queda de 21 mil, ante projeção de alta de 18 mil. Ou seja, o mercado de trabalho, no que se refere a pedidos de auxílio-desemprego, parece estar nos trilhos.

O mau humor do mercado ainda teve como pano de fundo a sinalização das agências de risco Moody¿s e Standard & Poor¿s de que consideram novos rebaixamentos de grandes emissores de bônus, todos com classificação de crédito AAA.

Se isso ocorrer, vai retirar ainda mais a liquidez do mercado e se transformará no pior cenário para as empresas financeiras, que já encontram dificuldade, em meio à crise hipotecária, para avaliar e comercializar instrumentos de dívida sofisticados.

OTIMISMO

A expectativa é de que o mercado acionário continue nervoso hoje, mas ainda há quem aposte em oportunidades de negócios. O gerente do Departamento de Análise da Prosper Corretora, André Segadilha, é um dos que ainda mantêm o otimismo com a Bovespa.

Para ele, a volatilidade ainda será a tônica dos negócios, ao menos para os próximos três meses. Mas, até o fim do ano, a tendência de alta do mercado deverá se consolidar, diz. Isso porque, afirma, a microeconomia ainda não foi afetada e a Bovespa está menos dependente dos Estados Unidos. ¿Uma crise dessas nos EUA há cinco anos seria muito mais grave em termos sistêmicos¿, ponderou o economista.

Hoje, as atenções estarão voltadas para os resultados de empresas no mercado externo, como o balanço da General Electric, e para o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan. Isso sem contar as declarações do presidente do Fed de Richmond, Jeffrey Lacker, sobre as perspectivas da economia.

Outro evento importante que será monitorado de perto pelos investidores de todo o mundo é o detalhamento do plano de estímulo fiscal prometido pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, para hoje. As medidas poderão trazer alívio ao mercado financeiro.

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