Título: Brasil cobra do Japão promessa de fábrica de semicondutores
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2008, Negocios, p. B14

Compromisso de instalar unidade fez parte das negociações para escolha da TV digital

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, cobrou ontem o compromisso do governo japonês de instalar uma indústria de semicondutores no Brasil. A promessa fez parte das negociações bilaterais que culminaram com a adoção do modelo japonês de TV Digital pelo País, em meados de 2006. Em dezembro passado, as transmissões digitais começaram em São Paulo. Mas, até o momento, não houve nenhum sinal sólido de Tóquio sobre o investimento na planta de semicondutores.

A cobrança veio no discurso de Amorim na abertura do Ano do Intercâmbio Brasil-Japão, no Itamaraty, quando falou também em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E foi repetida durante seu encontro reservado com o vice-ministro de Negócios Estrangeiros do Japão, Hitoshi Kimura. ¿Confiamos que a fábrica de semicondutores possa ser instalada no Brasil e venha a completar a nossa parceria estratégica¿, afirmou o ministro.

RETOMADA

Amorim destacou que as atuais conjunturas econômicas do Brasil e do Japão são bastante favoráveis para a retomada da parceria estratégica entre os dois países, que esmoreceu nos últimos 20 anos. O chanceler insistiu que essa parceria deve também se estender ao campo da segurança energética, em uma referência direta ao interesse brasileiro na exportação de etanol ao Japão.

Uma segunda advertência foi direcionada pelo ministro ao tratamento do governo do Japão aos mais de 300 mil brasileiros que vivem no país. Segundo o embaixador do Brasil em Tóquio, André Amado, os brasileiros no Japão não contam, efetivamente, com todo o apoio necessário. As principais dificuldades estão no aprendizado do idioma, na adaptação ao sistema educacional e na ausência de um acordo bilateral na área de Previdência Social.

¿É muito importante ouvir que o Japão valoriza essa presença, assim como nós valorizamos a comunidade japonesa no Brasil¿, afirmou Amorim, valendo-se de uma declaração anterior de Kimura sobre a importância da comunidade brasileira para a revitalização da economia japonesa.

¿Estamos certos de que os brasileiros no Japão contarão com a mesma oportunidade de inclusão social que nós oferecemos aos japoneses que aqui chegaram¿, afirmou Amorim.

Na cerimônia, o esperado improviso do presidente Lula foi substituído por dois emocionados relatos. Kokei Uehara, que lecionou por 54 anos na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e que preside a Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, ressaltou que o Brasil lhe ofereceu os melhores professores.

¿Fui puxar enxada e depois trabalhei com arado. Caminhava quatro quilômetros para ir e para voltar da escola. Levava uma toalhinha e me lavava no córrego antes da aula¿, contou Uehara, que chegou ao Brasil com 6 anos de idade.

No segundo momento, o criador da Turma da Mônica, Mauricio de Sousa, entregou ao presidente Lula o desenho de seu novo personagem nipo-brasileiro, que será o mascote do centenário. Emocionado, Sousa lembrou que seus personagens foram sempre inspirados em pessoas da família. O mascote é uma ¿cópia¿ de Mauro, seu segundo filho com Alice Taketa.

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