Título: Governadores não querem reduzir número de fazendas
Autor: Chiara, Márcia De ; Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2008, Economia, p. B6
Blairo Maggi, de Mato Grosso, cobra ação imediata do governo para conter prejuízos e representação na OMC
Nelson Francisco, CUIABÁ
Os Estados produtores de carne criticaram a decisão da União Européia (UE) de proibir a entrada de carne brasileira no bloco. Para o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), a medida é protecionista e o governo brasileiro tem de agir de imediato para evitar um prejuízo ainda maior aos setores produtivos.
¿O governo brasileiro precisa agir com energia, representar a comunidade na Organização Mundial do Comércio (OMC). Não é possível que o País com o sistema de produção, o controle fitossanitário e a sanidade animal que tem fique sujeito aos humores de um país como a Irlanda, que quer colocar carne na Comunidade Européia e não consegue competir com o Brasil. Isso se trata de protecionismo¿, afirmou.
O governador não aceita reduzir o número de exportadores da lista rejeitada pela UE, mas o setor produtivo vai avaliar a questão. Em Mato Grosso, são autorizados a vender para a Europa os frigoríficos Friboi (Rondonópolis), Frialta (Pontes e Lacerda), Sadia (Várzea Grande) e Quatro Marcos (Quatro Marcos), cada um com duas unidades. Em 2007, as exportações dessas empresas para a União Européia somaram 79,918 mil toneladas, o equivalente a 35% de tudo o que foi vendido para o bloco no ano pelos mato-grossenses.
Maggi disse que durante viagem à Europa no ano passado ficou evidente a posição dos produtores locais , principalmente da Irlanda, contra a importação do Brasil. ¿Já ficava evidente que alguma retaliação aconteceria. Em Mato Grosso, chegamos à conclusão, com alguma antecedência, de que nossas propriedades não estariam com possibilidade de se adequar às regras. Tanto é que foram poucas as propriedades no Estado que aceitaram fazer o monitoramento.¿
Minas Gerais, que é responsável por cerca de 50% das fazendas da lista do Ministério da Agricultura qualificadas a exportar para a Europa, não pretende reduzir o número de propriedades. Pelo contrário, a preocupação é mostrar ao governo federal a qualidade das inspeções. Cortes somente serão avaliados em um momento posterior, de acordo com a Secretaria da Agricultura.
O Rio Grande do Sul também contesta a medida e não vai reduzir sua lista de fazendas credenciadas. ¿O Rio Grande do Sul não abre mão de manter a certificação de todas as fazendas aprovadas¿, afirmou o secretário de Agricultura, João Carlos Machado. ¿Confiamos na seriedade de nossos produtores, que investem em genética e na sanidade de seu rebanho.¿
A secretaria submeteu as 546 fazendas ligadas ao Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov/Eras) a auditorias este mês e constatou que 467 estão qualificadas para exportar para a Europa.
NOVOS MERCADOS
Para o setor produtivo de Goiás, o embargo não deve ter impacto significativo, já que somente 4% das exportações de carne do Estado vão para a UE. ¿Se insistirem em manter apenas 300 propriedades autorizadas a exportar, podemos buscar novos mercados¿, disse o secretário de Agricultura, Leonardo Veloso, que esteve ontem com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Goiás credenciou 1.065 fazendas para exportar para a UE.
Durante o embargo da Rússia à carne brasileira, que começou no fim de 2005 e terminou em dezembro passado, o Estado ganhou novos mercados para o produto, em países como Azerbaijão, Guiné e Montenegro. Das exportações goianas de 2007, que somaram R$ 3,2 bilhões, o complexo carne liderou a lista de produtos vendidos, com 31,22% do total, e foi seguido pelo complexo soja (27,66%). COLABORARAM ELDER OGLIARI E RUBENS SANTOS, ESPECIAL PARA O ESTADO
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