Título: Detalhes sobre romance de Sarkozy chegam às livrarias
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2008, Internacional, p. A10

Três livros contam como o presidente francês conheceu e se apaixonou pela cantora italiana

Matthew Campbell, The Sunday Times, Paris

Havia sete outras pessoas ao redor da mesa de jantar, mas Nicolas Sarkozy só tinha olhos para uma. Ele pediu desculpas a sua anfitriã, que estava sentada à sua direita, e nas duas horas seguintes conversou exclusivamente com a bela cantora italiana à sua esquerda. A ex-top model Carla Bruni, 40 anos, correspondeu ao flerte.

Depois da sobremesa, para diversão dos outros convidados, ela perguntou ao líder francês se ele tinha um carro a sua espera. ¿Tenho¿, respondeu Sarkozy, acrescentando que lhe agradaria muito acompanhá-la até em casa.

Diante da casa de Carla, no elegante 16º Departamento de Paris, ela o convidou para um café. ¿Nunca no primeiro encontro¿, respondeu solenemente o presidente de 53 anos. Foi provavelmente a primeira vez que ela ouviu uma resposta assim.

Semana passada, a França recebeu seu primeiro relato completo do que pode se tornar o romance mais bem documentado da história moderna. Três livros que foram encaminhado às pressas para a gráfica contam como foi a ¿ligação perigosa¿ e o casamento no Palácio do Eliseu, há uma semana, do presidente com a ¿prima donna¿, que é como andam chamando a nova primeira-dama francesa.

Os assessores presidenciais estão ansiosos para ver se os livros venderão bem. Tudo porque a felicidade do ¿superpresidente¿ coincidiu com a queda de sua popularidade. Será que seu índice de aprovação aumentará com o affair com Carla Bruni? Será que o público francês cairá sob o feitiço da moça, exatamente como Sarkozy?

Christine Richard e Edouard Boulon-Cluzel, autores de Carla Bruni, sentimental itinerary? Who is she really? (¿Carla Bruni, itinerário sentimental: Quem é ela de fato?¿) contam que Sarkozy viu Carla pela primeira vez no Eliseu em novembro, quando ela integrou uma delegação que lhe apresentou um relatório sobre a indústria fonográfica francesa. Eles não se falaram, mas ela ficou de olho nele.

Os autores citam Carla dizendo a uma amiga que, embora não tivesse votado nele, ficou ¿gamada¿ por Sarkozy durante a campanha eleitoral do ano passado. A ex-modelo, cujas conquistas incluem os astros do rock Mick Jagger e Eric Clapton e o bilionário americano Donald Trump, disse a outra amiga pouco antes do encontro com Sarkozy: ¿Eu agora quero um homem com poder nuclear.¿

Sarkozy atravessava uma péssima fase. Ele sempre sonhou com a presidência, mas ultimamente a vida ia de mal a pior. Depois de assumir o cargo, Cécilia, sua mulher nos últimos 11 anos, divorciou-se dele dizendo estar apaixonada por outro homem.

O presidente precisava de diversão e chamou Jacques Seguela, um ex-assessor de imprensa socialista, e perguntou se ele conhecia a tal italiana. Sarkozy reclamou da solidão e pediu para que ele armasse um jantar em sua casa com a presença dela.

No início, ela pareceu resistir. Afinal, Carla já havia dito publicamente que se opunha às políticas dele. Sarkozy lhe disse que a má imagem que a esquerda francesa tinha dele se baseava em um ¿equívoco¿, que fora ele que abrira o governo a mulheres e minorias, não seus adversários. E seguiu falando sobre o fracasso de seu casamento com Cécilia e sobre como estava solitário em seu palácio.

No dia seguinte, o ¿Sarko¿ começou a bombardeandeá-la com mensagens de texto e buquês de flores. Depois vieram os jantares à luz de velas no Eliseu e presentes de luxo.

Enquanto o amor florescia, Sarkozy tentava concentrar-se no trabalho, mas era evidente que estava com a cabeça nas nuvens. Segundo Paul-Eric Blanrue e Chris Laffaille, no livro Carla and Nicolas: Chronicle of a dangerous liaison (¿Carla e Sarkozy: crônica de uma ligação perigosa¿), em 20 de dezembro ele chegou 18 minutos atrasado a uma audiência com o papa porque estava ocupado enviando mensagens para ela do celular.

Na véspera do Natal, ele surpreendeu Carla em casa, quando ela estava jantando com seu ex-namorado Raphael Enthoven, o filho de 7 anos e dois amigos. ¿Hora de fazer as malas¿, disse Sarkozy, após desculpar-se pela interrupção. ¿Estamos partindo para o Egito. Saímos de madrugada.¿

Enquanto Cécilia nunca mostrou interesse em ser primeira-dama, Carla parece estar à vontade. Ela já começou a usar sapatos baixos para não diminuir seu marido - em razão da diferença de altura, Cécilia era conhecida como a ¿torre de controle de Sarkozy.¿

Carla será uma primeira dama incomum. Embora provavelmente não volte a desfilar, deve continuar cantando. Seu novo álbum sai no mês que vem e tem uma canção, My drug (¿Minha droga¿), em homenagem ao amado. Lutando para conquistar apoio antes das eleições municipais de março, Sarkozy deve estar louco para que a canção seja um sucesso.