Título: Perdão é confissão de inoperância, diz ONG
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/02/2008, Vida&, p. A13

Para ambientalistas, anistia para desmatadores mostra fragilidade da ministra Marina Silva

Alexandre Gonçalves e Filipe Serrano

ONGs ambientalistas avaliam que o projeto do governo de anistiar desmatadores da floresta amazônica demonstra incapacidade operacional e fragilidade política do Ministério do Meio Ambiente. ¿Acho uma auto-proclamação da inoperância do ministério¿, afirma o diretor de Política Ambiental da Conservação Internacional do Brasil, Paulo Gustavo Prado. ¿É uma demonstração de fraqueza política da pasta diante dos demais ministérios.¿

Leia mais repercussões sobre a anistia

¿É como, para resolver a superlotação nos presídios, oferecer uma anistia aos presos, desde que assumam o compromisso de não cometer mais crimes¿, compara Paulo Adário, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace.

CONTÁGIO

Adário teme que a medida crie um precedente. ¿Há outros biomas brasileiros que sofrem forte impacto, mas não ganham tanto destaque na mídia. A anistia vai contaminar a discussão sobre a reserva legal nesses lugares¿, afirma.

Ele cita como exemplo a mata atlântica, bioma mais ameaçado do País, reduzido a 7% da sua área original. Em tese, toda propriedade rural deveria destinar para preservação 20% da sua superfície. ¿Obviamente, isso não é respeitado nas áreas de mata atlântica¿, afirma.

¿As soluções (para a Amazônia) não podem sair da cartola de algum iluminado de Brasília¿, observa. ¿Elas precisam ser discutidas na sociedade.¿

O ambientalista considera prioritário o mapeamento completo das propriedades rurais na Amazônia Legal, tarefa postergada pelos dois últimos governos. ¿O caos fundiário da região não começou com Lula ou Fernando Henrique Cardoso. É quase tão velho quanto o Brasil. Mas inviabiliza qualquer política ambiental.¿