Título: Preços administrados em alta em 2008
Autor: Velloso, Raul
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/01/2008, Economia, p. B2

No ano passado, os produtos alimentícios, com aumento de preços de 10,79%, foram os responsáveis pela elevação do IPCA a 4,46%. Estima-se que os preços desses produtos poderão apresentar um ligeiro recuo em 2008, e a questão que fica é se os preços administrados ou monitorados não serão os responsáveis pela elevação dos índices de preços em 2008.

Os preços administrados e monitorados acusaram um aumento de 1,3767% em 2006, mas de apenas 0,5067% no ano passado, contribuindo assim para que o IPCA não ultrapasse a meta de 4,5% fixada pelo Conselho Monetário Nacional. Neste ano, todavia, pode haver uma mudança no comportamento desses preços, ao mesmo tempo que se poderá registrar uma elevação do custo dos serviços que já está se manifestando.

Na lista do IBGE, os preços administrados e monitorados incluem 24 itens, três dos quais acusaram, no ano passado, uma redução - energia elétrica residencial (6,16%), gasolina (0,69%) e óleo Diesel (0,69%) - e responderam por mais de 50% da queda nos preços do grupo. O que mais contribuiu para a alta nesse grupo foram os planos de saúde e as tarifas de ônibus urbanos.

O panorama para 2008 será bastante diferente. No caso dos planos de saúde, com a decisão do governo de obrigá-los a ampliar a cobertura dos riscos, é de se prever um novo aumento. A dúvida é sobre o que o governo fará no que se refere ao custo dos combustíveis líquidos que, até agora, a Petrobrás não reajustou em paralelo com a alta do petróleo no mercado internacional. Levando em conta a necessidade, para a Petrobrás, de realizar vultosos investimentos e, ao mesmo tempo, de contribuir com seus dividendos para a formação do superávit primário, parece difícil que a estatal possa manter seus preços. No caso do gás, é provável que as autoridades procurem conter a demanda por meio de forte elevação dos preços internos, dada a escassez e a elevação do preço externo. Esse é um reajuste que terá repercussão nos transportes e também nos preços de produtos industriais que não fazem parte da lista de preços administrados.

O caso da energia elétrica residencial, que em 2007 apresentou forte redução nas tarifas, é delicado, mas tudo indica que com o uso de centrais térmicas seu custo subirá.

Assim, uma análise fria das perspectivas para os preços administrados leva à conclusão de que eles não contribuirão para segurar a inflação, como no ano passado.

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