Título: AL sofrerá mais com desaceleração nos EUA, diz EIU
Autor: Efe ; Caminoto, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/01/2008, Economia, p. B7

Consultoria projeta crescimento de 4,3% para a região em 2008, ante 4,9% no ano passado

Efe e João Caminoto

A América Latina será, entre todas as regiões em desenvolvimento no mundo, a mais afetada pelo desaquecimento econômico dos Estados Unidos em 2008, segundo o último relatório da consultoria Economist Intelligence Unit (EIU), que pertence ao mesmo grupo que edita a revista The Economist.

Os especialistas da instituição estimam que o crescimento da região cairá dos esperados 4,9% em 2007 para 4,3% neste ano e 4,2% em 2009. Para o período compreendido entre 2010 e 2012, a expansão anual média é calculada em 3,9%.

Caso sejam considerados apenas os quatro países-membros do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e a Venezuela, em vias de adesão ao bloco, o crescimento recuará de 5,7% em 2007 para 4,8% em 2008 e 4,2% em 2009.

Para os Estados Unidos, a EIU avalia que a expansão será de 1,5% em 2008, ante 2,1% no ano passado e 2,9% em 2006. Para a entidade, os problemas no mercado de crédito global devem ter impacto ¿moderado¿ nos países latino-americanos. Além disso, a EIU considera que muitos países da região desenvolveram melhores políticas econômicas.

Por isso, embora preveja dificuldades, a instituição não acredita que nenhuma das grandes economias da região encontrará grandes obstáculos para se financiar.

A média de crescimento anual do Brasil até 2012 está acima de 4%, superior à média de 3% do período entre 2003 e 2007, mas abaixo das taxas de crescimento de outras economias emergentes, especialmente as da Ásia, como a Índia, que crescerá mais de 5% ao ano.

A previsão para o México é de 3% em 2007 (crescimento de 4,8% em 2006), de 2,8% em 2008 e de 3,5% em 2009, como resultado da normalização do consumo privado. O crescimento do México será um dos mais afetados pela situação econômica nos EUA, destino de 84% de suas exportações.

Para a Argentina, a EIU prevê um período de ¿boa expansão econômica¿, estimulada por um ¿generoso¿ gasto público. O crescimento do país, onde o intervencionismo econômico estatal continuará presente, especialmente na infra-estrutura e na energia, será reduzido pelos ¿gargalos¿ (sobretudo no setor energético), pela escassez de financiamento e pelas políticas de contenção da inflação.

PESSIMISMO

Na avaliação da EIU, as chances de haver recessão nos Estados Unidos são hoje de 40%. ¿Os recentes indicadores sustentam nossas projeções pessimistas para este ano¿, disse Robert Ward, diretor da EIU. ¿Também mantemos nosso cálculo de uma probabilidade de 40% de ocorrer uma recessão.¿

Para 2009, a projeção de crescimento caiu de 2,4% para 2%. ¿Isso reflete nossa visão de que o desaquecimento no mercado imobiliário dos EUA e o aperto no crédito vai persistir no início de 2009¿, disse Ward.

¿Também prevemos que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) vai cortar a taxa de juros em 0,75 ponto porcentual no primeiro trimestre de 2008 e a adoção de um ritmo de relaxamento monetário mais suave em 2009.¿

Para a entidade, o Banco Central Europeu (BCE) manterá o juro básico em 4% ao ano no primeiro trimestre de 2008.

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