Título: O discreto homem que paga as contas
Autor: Costa, Rosa, Marchi, Carlos ; Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/02/2008, Nacional, p. A5

Um dos dez funcionários do Planalto responsáveis por pagar despesas do gabinete presidencial, João Neto procurou a discrição na viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Guiana Francesa (leia reportagem na página A7). O homem que no ano passado fez um total de R$ 585,9 mil em gastos com cartão corporativo mantinha distância da imprensa desde que o escândalo dos cartões veio à tona.

Ontem, no entanto, o ecônomo (como é chamado o profissional responsável em pagar despesas) acabou sendo colocado no avião C-105 que levou os jornalistas de Macapá para Oiapoque. Ele dormiu em boa parte do vôo, que durou uma hora e meia. O presidente e os ministros foram em outra aeronave.

Como os demais passageiros do C-105 - assessores, deputados do Amapá, jornalistas e ribeirinhos que pediram carona à Força Aérea Brasileira - João Neto teve direito a refrigerantes e lanche de pão de forma na ida e uma barra de cereal na volta para Macapá.

O trabalho dele nessa viagem começou na noite de segunda-feira. Ao chegar ao Macapá Hotel, por volta de 11h30, ele logo acertou com a gerente o valor das diárias da comitiva. Além de Lula, viajaram a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, da Educação, Fernando Haddad, da Defesa, Nelson Jobim, além de assessores. A diária num quarto simples do hotel sai por R$ 175.

Embora goste de conversar e ¿fazer amigos¿, João Neto procura sempre se manter afastado do presidente. Enquanto Lula dava entrevista para falar do uso do cartão corporativo, no Aeroporto de Macapá, o ecônomo conversava com um médico da comitiva. Funcionários da Presidência dizem que João Neto e outros ecônomos do Planalto estão ¿irritados¿ com as denúncias de uso irregular do cartão.

Eles se queixam da situação. Têm de ouvir todas as ¿denúncias¿ calados, sem mostrar o rosto. Dizem que não é justo ter o nome divulgado por supostos erros no uso do cartão. O próprio Lula disse, na entrevista de ontem, que, por questão de segurança, despesas como aluguel de carros, por exemplo, não podem ser reveladas.

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