Título: Essa não é posição da Igreja, reage CNBB
Autor: Arruda, Roldão
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/02/2008, Nacional, p. A10
As declarações do bispo d. José Maria Libório Saracho sobre invasões de terras não representam o pensamento da Igreja Católica, nem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). ¿Em mais de uma ocasião a Igreja deixou claro que incentivar invasões não faz parte de seu programa nem como último recurso¿, disse ontem o bispo d. Airton José dos Santos, secretário-geral da regional Sul 1 da CNBB, que abrange todas as dioceses do Estado de São Paulo.
D. Airton, que dirige a diocese de Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo, ressalvou que não conhece os acontecimentos que envolvem a declaração de seu colega. ¿Ele faz parte de uma pastoral da Igreja que acompanha os problemas agrários do País e conhece bem a realidade dos sem-terra¿, explicou. ¿Pode ser que não esteja vendo outro jeito de agir. Mas, repito, ele não fala em nome da Igreja.¿
De acordo com a estrutura da Igreja, cada bispo tem autonomia dentro de sua diocese. E, embora todos devam se guiar pela doutrina geral da instituição, eles podem adotar posições particulares, livremente, de acordo com a realidade de cada lugar.
ESPECÍFICO
Pela CNBB podem falar apenas os três membros da sua presidência: o presidente, o vice e o secretário-geral. Os bispos integrantes de comissões e pastorais também podem falar em nome delas, especificamente. A CNBB possui, entre outras, as pastorais carcerária, da família, da juventude, dos migrantes. A Comissão Pastoral da Terra faz parte dos chamados organismos eclesiais relacionados com a CNBB, assim como a Comissão Pastoral Operária e o Conselho Nacional de Leigos.
D. José Maria faz parte da CPT de São Paulo. Ele pode, portanto, ter falado como titular da Diocese de Presidente Prudente; e também como representante da CPT.
Antes de assumir a diocese no oeste paulista, d. José Maria, um espanhol de origem basca, trabalhou durante 34 anos em bairros da zona leste de São Paulo. No início de 2002 o papa João Paulo II mandou-o para Prudente, que é o centro da região conhecida como Pontal do Paranapanema, um dos maiores focos de conflitos agrários do País. Lá ele encontrou uma parte do clero intensamente envolvida com os movimentos dos sem-terra, por meio da CPT.
Essa não é a primeira vez que ele faz declarações de apoio às ações dos sem-terra. Em 2003, ao celebrar missa num acampamento do MST, ele disse que Deus deu a terra para todos os homens e não só para os fazendeiros.
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