Título: Dilma volta aos holofotes, mas nega candidatura
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/01/2008, Nacional, p. A6

Chefe da Casa Civil ofusca 13 ministros na apresentação de novo balanço do PAC; PMDB a presenteia com bambolê, para ganhar ¿jogo de cintura¿

Leonencio Nossa e Cida Fontes, BRASÍLIA

Apontada como possível candidata à sucessão do presidente Lula, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ofuscou ontem a presença de outros 13 ministros no terceiro balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na apresentação do relatório, no Planalto, ela falou por 74 minutos, bem mais do que os ministros da Fazenda, Guido Mantega (15 minutos), e do Planejamento, Paulo Bernardo (7 minutos).

Em entrevista, porém, Dilma tentou demonstrar irritação a uma pergunta sobre as chances de ser a candidata do PT em 2010. ¿Reajo com profundo cansaço¿, disse. ¿Cansei de falar que não sou candidata.¿

Dilma reclamou que os ¿boatos¿ prejudicam seu trabalho, especialmente a coordenação do PAC, argumento para ficar com o microfone por mais tempo durante o balanço: ¿Toda vez que isso é falado não me beneficia, só prejudica o PAC.¿ Auxiliares do governo lembram que nem o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu chamou tanto as atenções numa solenidade com a presença de um número expressivo de ministros.

A ministra entrou na lista dos possíveis candidatos do PT à sucessão de Lula em junho de 2005, quando assumiu a cadeira do então todo-poderoso Dirceu. O presidente nunca demonstrou irritação ou preocupação com os rumores de uma possível candidatura da ministra, observam auxiliares. Na avaliação de assessores, Lula deseja que vários nomes da base aliada sejam lançados.

BRINCADEIRA

Em pleno cabo-de-guerra com Dilma em torno de cargos no setor elétrico, o PMDB, por considerar que a petista ainda não tem ¿jogo de cintura¿ para fazer uma dobradinha com o partido em 2010, a presenteou com um bambolê. O líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), comprou o brinquedo, que chegou embrulhado ao Planalto na tarde de segunda-feira, logo depois da posse do novo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que é do PMDB.

A idéia de mandar o ¿presente¿ surgiu durante reunião de líderes peemedebistas com o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Na conversa, eles lembraram que Dilma tem predicados suficientes para entrar na corrida presidencial numa eventual coligação entre o PT e o PMDB.

¿Ela é qualificada, séria, leal. É ótima, mas falta-lhe mais jogo de cintura¿, brincou um dos presentes, com a concordância de todos. Ao lado do presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), Henrique Eduardo Alves deu a sugestão: ¿Vamos resolver isso com um bambolê.¿ E arrematou: ¿Quem sabe, fazendo duas horas por dia, ela fique boa.¿