Título: Crise de mercados e risco de recessão nos EUA esquentam campanha
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/01/2008, Internacional, p. A12

Pré-candidatos democratas criticam medidas de Bush; republicanos propõem ampliação no corte de impostos

A crise econômica e a turbulência dos mercados transformaram-se no tema central da campanha presidencial americana, na medida em que aumenta a probabilidade de o próximo presidente dos Estados Unidos herdar um país em recessão. Os democratas criticam o pacote de estímulo à economia proposto pelo presidente George W. Bush e o corte de juros emergencial anunciado ontem, e pedem ações mais vigorosas para evitar a recessão. Já os republicanos mantêm sua posição de menor intervenção do governo na economia, e pregam mais cortes de impostos.

¿Pelo segundo dia seguido, bolsas de valores de todo o mundo inteiro estão despencando porque os países temem que os EUA não farão o suficiente para evitar uma recessão¿, disse o senador Barack Obama, pré-candidato do Partido Democrata. ¿Esperamos que o corte de juros anunciado nesta manhã restabeleça parte da confiança e diminua o estrago, mas o medo ainda existe.¿

A senadora democrata Hillary Clinton, que vem se apresentando como a mais preparada para lidar com uma desaceleração econômica, afirmou que o mundo está passando por uma ¿crise global¿ e pediu mais medidas para o mercado imobiliário. ¿Ainda não ouvi nenhuma medida significativa que será adotada pela Casa Branca para lidar com a crise das hipotecas¿, disse Hillary. ¿Precisamos de um pacote que seja uma combinação de estímulo fiscal, regulamentação do mercado imobiliário e restituição de impostos.¿

Os candidatos democratas querem que o pacote de restituições de impostos de Bush passe a incluir uma parcela maior da população de baixa renda. E eles pregam também uma expansão nos benefícios para desempregados. Já os republicanos tentam se mostrar menos pessimistas em relação à economia e apresentam propostas menos radicais.

O senador John McCain, líder da disputa republicana, continua apostando nos cortes de impostos como forma de estimular a economia, em vez de injeção de recursos. ¿Os problemas do mercado financeiro aumentam a urgência de cortarmos impostos e adotarmos medidas que incentivam o crescimento; o papel do Fed (banco central americano) é garantir que tenhamos um mercado financeiro eficiente, que estimule a economia, e eu acredito que os cortes de juros de hoje vão ajudar a atingir este objetivo¿, disse Mc Cain. Menos pessimista que os democratas, McCain acredita que a economia dos EUA é muito ¿resistente¿ e, com ajuda de um bom líder, vai superar as turbulências financeiras.

O ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani afirmou que o governo precisa agora adotar medidas fiscais para acompanharem a nova política monetária do Fed. ¿Reduzir gastos, encontrar possíveis reduções de impostos e eliminar regulamentações que estão prejudicando a competitividade dos EUA¿ são algumas das medidas propostas por Giuliani. Mitt Romney pediu medidas ¿agressivas¿, embora tenha elogiado o corte de juros do Fed.

Nas últimas semanas, a maioria dos candidatos apresentou pacotes para reativar a economia (leia no quadro ao lado). Entre os republicanos, McCain é o mais cético em relação a pacotes de incentivo fiscal. ¿Controlar gastos é o primeiro passo, depois tornaremos os cortes de impostos permanentes.¿

FRASES Senadora Hillary Clinton pré-candidata democrata ¿Precisamos de um pacote que seja uma combinação de estímulo fiscal, regulamentação do mercado imobiliário e restituição de impostos¿

Senador John McCain pré-candidato republicano ¿Os problemas do mercado financeiro aumentam a urgência de cortarmos impostos ¿