Título: Fed reduz juro e alivia mercados
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/01/2008, Economia, p. B1
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) surpreendeu ontem o mercado financeiro ao reduzir a taxa básica de juros de 4,25% para 3,50% ao ano. O corte de 0,75 ponto porcentual foi o maior desde 1982, de acordo com a agência Dow Jones Newswires.
Além do tamanho, os analistas ficaram surpresos com o fato de a ação do Fed ter ocorrido fora do calendário ordinário de reuniões. O último encontro foi realizado em 11 de dezembro e o próximo está agendado para terça e quarta-feira da semana que vem. O Fed não apelava para decisões extraordinárias desde a semana de 11 de setembro de 2001, quando o mercado sucumbia aos atentados ao World Trade Center.
A decisão de ontem foi bem recebida pelos investidores e, ao menos momentaneamente, interrompeu o clima de pânico que se havia instalado nas bolsas na segunda-feira. O Índice Dow Jones caiu 1,06% e a bolsa eletrônica Nasdaq, 2,04%. O mercado americano não operou segunda-feira em razão do dia de Martin Luther King. Portanto, não acompanhou o resto do mundo nas perdas.
A melhora de humor ficou mais clara nas bolsas da Europa e da América Latina. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) teve alta de 4,45%. O Índice IPC da Bolsa do México disparou 6,36%. O Índice FTSE-100, da Bolsa de Londres,avançou 2,90% e o CAC-40, da Bolsa de Paris, 2,07%.
O Fed informou que tomou a decisão ¿tendo em vista a perspectiva de enfraquecimento econômico e aumento dos riscos para o crescimento¿. ¿O comitê (do Fed) continuará a monitorar os efeitos do desenvolvimento financeiro e outros desdobramentos em relação às projeções econômicas e agirá da maneira que for necessária para enfrentar esses riscos.¿
O ex-diretor do Banco Central (BC) Ilan Goldfajn elogiou a ação do Fed. ¿Se a recessão que ameaça os EUA agora fosse `normal¿, não seria necessária essa queda extraordinária do juro¿, disse. ¿Mas há um risco de que essa forte desaceleração econômica se associe aos problemas do setor bancário, o que poderia resultar numa depressão.¿ Para Goldfajn, o Fed agiu para evitar que esse risco se concretize.
O ex-presidente do BC Gustavo Loyola classificou a atitude do Fed de ¿arriscada e, talvez, precipitada¿. ¿Estamos a poucos dias de uma reunião ordinária.¿ Além do mais, argumentou, ¿do ponto de vista da atividade econômica, há poucos ganhos com o corte extraordinário¿. Para Loyola, o Fed não deveria se preocupar em auxiliar o mercado financeiro neste momento difícil, pois uma correção nos preços dos ativos é saudável.
Os contratos futuros de taxa de juros americana mostraram que os investidores já contam com nova redução de ao menos 0,25 ponto porcentual na reunião do Fed da semana que vem. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS