Título: Número de carros convertidos para GNV encolhe 31%
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/01/2008, Economia, p. B10

Preço do combustível foi o que mais subiu no ano passado, segundo ANP

O número de conversões de veículos para gás natural veicular (GNV) caiu 31,39% em 2007, segundo relatório distribuído ao mercado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). A queda confirma estimativas de oficinas conversoras e fabricantes de cilindros, que já notavam movimento mais fraco desde o início da campanha do governo para conter o consumo do combustível. Segundo agência, o volume de vendas do combustível manteve-se praticamente estável entre agosto e novembro.

Empresários ligados ao mercado de GNV já haviam antecipado ao Estado projeções de queda no volume de conversões, principalmente nos últimos dois meses, depois de declarações do então ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, desestimulando o uso do combustível. A fabricante de cilindros MAT, por exemplo, calculou perda de 50% nas vendas em dezembro. Em sua estatística sobre conversões, a ANP cita dados do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP).

O GNV foi o combustível automotivo com maior aumento de preço em 2007 (7,85%), devido à retirada de descontos por parte da Petrobrás e à alta do preço do petróleo no mercado internacional. De acordo com o Boletim do Abastecimento da ANP, divulgado ontem após meses de problemas no sistema de captação de dados das distribuidoras, os demais combustíveis automotivos - gasolina, diesel e álcool hidratado - fecharam 2007 com preços estáveis, em comparação com os valores vigentes no fim de 2006.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), o consumo de gás no País caiu pela primeira vez desde 1998. As concessionárias venderam, no ano passado, 41,24 milhões de metros cúbicos por dia, volume 1,26% inferior ao registrado em 2006. A redução nas vendas é reflexo do menor uso de termelétricas em 2007, quando as chuvas de verão foram suficientes para encher os reservatórios das hidrelétricos.

O consumo não térmico cresceu 5,6%, ritmo mais lento do que o registrado em anos anteriores, segundo a Abegás. De acordo com a entidade, essa desaceleração teve início em 2005, justamente quando a Petrobrás voltou a reajustar o preço do gás nacional e do boliviano para os consumidores e também quando começaram as incertezas quanto ao fornecimento do insumo importado pelo Brasil da Bolívia.

COMBUSTÍVEIS

As vendas de gasolina ficaram praticamente estagnadas em 2007, com ligeiro aumento de 0,45%. Já o mercado de diesel recuperou-se dos problemas da safra do ano anterior e cresceram 5,95%. As vendas de álcool hidratado cresceram 41,86%.

Segundo especialistas, o porcentual reflete principalmente medidas contra o comércio ilegal do combustível. Ou seja, maior volume de álcool foi vendido no mercado formal.