Título: Obama deve consolidar virada hoje
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/02/2008, Internacional, p. A13

Em ascensão, senador democrata é o favorito nas prévias de Maryland, Virgínia e na capital Washington

Patrícia Campos Mello

College Park, Maryland - Cerca de 18 mil pessoas desafiaram ontem o frio de 5 graus negativos para assistir ao pré-candidato democrata Barack Obama, em um comício na Universidade de Maryland. ¿Já estou na fila há quase uma hora, mas vale a pena, isso aqui é histórico¿, disse o técnico em tecnologia Dan Newsome, de 48 anos. ¿Vou votar pela primeira vez porque quero ver Obama presidente¿, dizia Christian Emtcheu, 29 anos, que congelava ao lado de Dan na fila que dobrava o quarteirão.

O senador por Illinois é o favorito do lado democrata nas prévias de hoje em Washington DC, Maryland e Virgínia, conhecidas como as primárias do Potomac, por causa do rio que cruza a região. DC tem 37 delegados, Maryland tem 99 e Virginia, 101. DC e Maryland, com suas grandes populações de negros e brancos de alta renda, são consideradas território amigável para Obama. Os republicanos, que realizam primárias nos mesmos Estados, devem consolidar o favoritismo do senador John McCain.

Segundo as últimas pesquisas MSNBC-McClatchy Mason-Dixon, Obama está com 53% das intenções de voto em Maryland, diante de 35% de Hillary. Na Virgínia, o senador tem 53% da preferência, contra 37% da ex-primeira-dama.

Obama encostou em Hillary em número de delegados no fim de semana, com as vitórias na Louisiana, Maine, Nebraska e Estado de Washington (na costa oeste). De acordo com os cálculos da Associated Press, a senadora por Nova York está com 1.136 delegados e Obama, 1.108. Com as esperadas vitórias nas primárias do Potomac, a candidatura do senador por Illinois pode ganhar um impulso decisivo. Esse é o grande medo da campanha de Hillary, pois uma seqüência de triunfos de Obama pode levar os superdelegados a votar nele. ¿Nós vencemos na costa do Atlântico, na costa do Pacífico, na costa do Golfo e no interior do país¿, disse Obama.

Contudo, Hillary aposta nas primárias do dia 4 de março, que incluem Ohio e Texas, Estados com grande número de delegados (161 e 228, respectivamente), para deter Obama. Em Ohio, Estado bastante afetado pela desaceleração econômica, há grande preocupação dos eleitores com a recessão, o que beneficiaria Hillary, vista como a mais qualificada para lidar com essas questões. No Texas, quase 30% dos eleitores democratas são hispânicos, considerados fiéis a Hillary - diante de apenas 11% negros, eleitorado cativo de Obama.

Já o senador John McCain está em clima de eleição geral, apesar das derrotas embaraçosas para Mike Huckabee na Louisiana e no Kansas, no fim de semana. Mesmo assim, o senador pelo Arizona já faz campanha como virtual indicado do Partido Republicano. McCain tem se dedicado a atacar os opositores democratas e suas posições, principalmente em relação à retirada das tropas do Iraque.

Uma pesquisa nacional, da Associated Press-Ipsos, divulgada ontem, confirma a ascensão de Obama. O senador por Illinois vence Hillary na preferência dos entrevistados por 46% a 41%. Numa disputa direta com McCain pela Casa Branca, Obama venceria com 48% dos votos, contra 42% do candidato republicano. Se a disputa pela presidência dos EUA fosse entre Hillary e McCain, a vantagem da primeira-dama seria mínima: 46% contra 45% do senador republicano.

A campanha de Hillary está conformada com as prováveis derrotas em Maryland e Washington DC, mas espera vencer ou pelo menos empatar na Virgínia, o que teria o mesmo efeito moral da vitória-surpresa em New Hampshire. A Virgínia tem uma porcentagem menor de população negra e uma quantidade razoável de brancos de classe média baixa, eleitorado da senadora. As pesquisas, porém, não têm sido animadoras.

Um sinal claro da crise na campanha de Hillary foi a saída, no início da noite de domingo, da coordenadora Patti Solis Doyle - horas após a divulgação da atuação decepcionante da senadora nas primárias do final de semana. Outro indício de que sua candidatura enfrenta problemas foi a divulgação, na semana passada, de que a senadora injetou US$ 5 milhões do próprio bolso na campanha.

EDWARDS

O comando da campanha de Obama alegou ontem um problema de agenda para ter adiado um encontro com o senador com John Edwards, pré-candidato democrata que abandonou a campanha em janeiro, quando tinha conquistado 26 delegados. Tanto Obama quanto Hillary disputam o apoio de Edwards, que ainda não se decidiu por nenhum candidato. Obama deve se reunir com Edwards nos próximos dias. Ele estaria esperando apenas o resultado das primárias de hoje para marcar o encontro.

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