Título: Uribe propõe missão para examinar reféns
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/01/2008, Internacional, p. A11
Anúncio é feito um dia depois de as Farc rejeitarem visita de Cruz Vermelha a seqüestrados no cativeiro
O presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse ontem que seu governo está organizando uma missão médica internacional para examinar os reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A declaração foi feita um dia depois de a guerrilha ter rejeitado a proposta do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para visitar os seqüestrados no cativeiro. Uribe se reuniu ontem com o presidente francês, Nicolas Sarkozy - que desde que assumiu o cargo, em maio, está empenhado em conseguir a libertação da ex-candidata presidencial da Colômbia Ingrid Betancourt, de origem francesa.
Após o encontro, Uribe deu uma entrevista coletiva, mas evitou responder aos ataques feitos pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez. No domingo, Chávez o chamou de ¿covarde, mentiroso e mafioso¿. ¿Não vou me referir ao tema porque devo respeito ao povo irmão da Venezuela¿, disse Uribe. Ele descartou a possibilidade de permitir que Chávez retorne às mediações do acordo humanitário, apesar dos apelos de Sarkozy para que ele não exclua nenhuma ajuda ¿útil¿ à libertação dos reféns.
Uribe também pediu que ¿o mundo inteiro¿ pressione as Farc para elas ¿assumirem¿ a responsabilidade pela situação dos reféns. A possibilidade da visita médica foi rejeitada no domingo pelo porta-voz da guerrilha, Raúl Reyes: ¿Para nossa organização, a segurança dos reféns políticos é mais importante do que qualquer consideração irrealista com as quais Uribe tenta ampliar a dor e a angústia dos seus parentes¿, disse, referindo-se ao grupo de 44 reféns políticos que a guerrilha quer trocar por 500 guerrilheiros presos.
VISITA À ESPANHA
A ex-refém das Farc Clara Rojas pediu ontem em Madri que as partes envolvidas no conflito colombiano ¿flexibilizem suas posturas¿ para salvar os seqüestrados. Libertada no dia 10, Clara foi à Espanha para participar de um congresso sobre vítimas de terrorismo.
Ainda ontem, a senadora governista colombiana Elsa Gladys Cifuentes propôs que Uribe peça à ONU o envio de uma ¿força de paz¿ à fronteira com a Venezuela, como resposta à decisão de Chávez de militarizar a área para evitar o contrabando de gasolina e alimentos para a Colômbia.