Título: Governo vai racionar vacinas para evitar superdosagens
Autor: Formenti, Lígia; Leite, Fabiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/01/2008, Vida &, p. A14
Em GO, 30% da população foi revacinada em menos de 10 anos, prazo mínimo recomendado
A vacinação contra febre amarela em Goiás vai sofrer restrições. Para tentar reduzir o índice de 30% de revacinação (o tempo mínimo para que se possa tomar uma segunda dose é de dez anos), o Estado vai passar a exigir a apresentação da carteira antes de imunizar crianças com menos de 10 anos. Para adultos, serão feitos uma série de perguntas e um alerta sobre os riscos de tomar a vacina sem indicação precisa.
Confira os números da febre amarela
¿A nova política tem a anuência do Ministério da Saúde. Vamos trabalhar para evitar a vacinação desnecessária¿, afirmou o secretário de Saúde de Goiás, Cairo Alberto de Freitas. O assunto foi discutido ontem, durante uma reunião em Brasília, com integrantes da Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde. A nova tática pretende ainda intensificar a vacinação nas áreas rurais.
A recomendação do Ministério da Saúde para usar de forma criteriosa a vacina não está restrita ao Estado de Goiás. A Secretaria de Vigilância em Saúde deve enviar hoje um ofício às secretarias para que sejam vacinadas prioritariamente pessoas que residem em locais de risco. ¿Não é nada novo, estamos seguindo de forma precisa o que determinam as normas técnicas¿, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Gerson Penna.
Ontem, em Brasília, o Exército brasileiro começou o trabalho de auxílio no combate ao mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue. Com roupas especiais, os soldados, ao lado de agentes de saúde, percorreram casas em busca dos criadouros do mosquito, colocaram larvicida e orientaram a população. O A. aegypti pode se transformar em vetor de febre amarela.
SUPERDOSAGEM
Alberto de Freitas afirma que as medidas em Goiás serão adotadas para evitar desperdício de vacina e exposição de parte da população a riscos de superdosagem. ¿Há relatos de pessoas que, pensando em se proteger, tomaram duas vezes a vacinas. O que é um grave erro.¿
Em Goiás e no Distrito Federal, foram registrados 31 casos suspeitos de reações adversas à vacina contra febre amarela. O subsecretário de Vigilância em Saúde do Distrito Federal, Joaquim Barros Neto, afirma que um paciente continua internado, os demais apresentaram sintomas leves. No Distrito Federal, no entanto, não serão adotadas medidas para reduzir a vacinação. ¿Já registramos tendência de queda nos postos de saúde. A população respondeu bem ao apelo¿, observou.
Diante da notificação de casos suspeitos de febre amarela, houve uma corrida da em busca da vacina. No Distrito Federal, quando os primeiros casos de macacos mortos começaram a ser divulgados e um esforço de vacinação foi iniciado, a estimativa era de que 250 mil pessoas estavam desprotegidas contra a doença. Procurou os postos 1,3 milhão. A população de Goiás é de 5,8 milhões de pessoas. Mas foram imunizadas 6,8 milhões. ¿É uma prova de que boa parte tomou vacina mais de uma vez.¿
A procura em massa pela vacina levou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, a fazer um pronunciamento em rádio e TV para garantir que não há risco da doença e que somente parte da população deve procurar os postos.
RECOMENDAÇÕES
A Prefeitura de São Paulo orientou, na sexta-feira, empresas de viagem e de transportes aéreo, rodoviário, marítimo e fluvial a informar seus usuários sobre a necessidade da vacinação para viajantes com destino às áreas de risco de febre amarela. A pasta informou ter disponibilizado material gráfico aos empresários que quiserem participar da iniciativa.
Já foram confirmados no País 12 casos da doença, com 8 mortes. Há 7 casos sob suspeita.
A DOENÇA
O que é: Doença infecciosa febril aguda, de duração máxima de 10 dias. Pode matar
Transmissão: Ocorre pela picada de mosquitos infectados. Não há transmissão de humano para humano. O tipo silvestre é transmitido pela fêmea dos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. O tipo urbano é transmitido pelo Aedes aegypti, o mesmo da dengue
A vacina: É gratuita e está disponível nos postos de saúde. É administrada em dose única a partir dos 9 meses e vale por 10 anos. É dispensável para quem não vai viajar ou não mora em áreas de risco.
Sintomas: febre, dor de cabeça e no corpo, náuseas, icterícia e hemorragias. O tratamento apenas controla os sintomas