Título: Se houver recessão nos EUA, não será longa, diz Meirelles
Autor: Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/01/2008, Economia, p. B6

Apesar da avaliação serena, presidente do BC disse que `não se trata de uma crise num país qualquer¿

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou na reunião ministerial de ontem que, se houver uma recessão nos Estados Unidos, ela não deverá ser longa. O relato da declaração de Meirelles foi feito ao Estado por um dos participantes do encontro. Apesar da avaliação serena, ele alertou que ¿não se trata de uma crise num país qualquer¿.

Segundo o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concordou com Meirelles: ¿Crise americana é crise americana¿. Lula orientou sua equipe a continuar fortalecendo o mercado interno, como forma de ampliar a proteção à economia brasileira. A crise internacional foi o primeiro tema a ser discutido na reunião ministerial. Segundo relato de Bernardo, o presidente do BC disse que a crise deve ser acompanhada com ¿seriedade e serenidade¿.

Ele avaliou que a situação da economia brasileira é hoje ¿incomparavelmente melhor do que em épocas anteriores¿, por causa das reservas de US$ 186 bilhões, dos bons fundamentos econômicos e da baixa dependência dos EUA. Meirelles destacou, ainda, que a economia americana não desempenha mais sozinha o papel de motor do crescimento mundial. Se as economias da Ásia e da Índia não desacelerarem, será um importante contraponto a uma recessão nos EUA.

Ainda segundo Bernardo, Meirelles disse que, diante da crise, o BC aposta numa taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,5% este ano. É a projeção que consta do Relatório de Inflação divulgado em dezembro, inferior aos 5% previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). ¿Ele disse que nossa projeção é boa, mas o BC faz melhor em apostar em 4,5%.¿

Em entrevista após a reunião, o ministro da Articulação Política, José Múcio Monteiro, disse que, segundo Meirelles, a crise já afeta países europeus. O presidente do BC e o chanceler Celso Amorim destacaram que, atualmente, o Brasil é muito menos dependente dos EUA porque foram abertas ¿novas fronteiras¿ no comércio exterior. ¿O mercado americano representa de 15% a 17% da nossa balança comercial, mas a abertura de novas fronteiras nos dá essa serenidade.¿

Segundo o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana, Meirelles avaliou que a crise nos Estados Unidos é séria, mas há cinco motivos para acreditar na solidez da economia brasileira. O primeiro é a já mencionada menor dependência do comércio com os EUA. O segundo é o crescimento do mercado brasileiro. Além disso, há a queda da dívida em relação ao PIB. Outros fatores positivos são as reservas de US$ 186 bilhões e o mercado financeiro nacional equilibrado, sem nenhuma instituição em dificuldades