Título: Ladrões roubam 4 obras de museu suíço
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/02/2008, Internacional, p. A14

Cézanne, Degas, Van Gogh e Monet levados valiam US$ 163,3 milhões

Jamil Chade

Um roubo espetacular. Foi assim que a polícia suíça descreveu ontem o crime cometido em um museu de Zurique. No domingo, homens armados - usando máscaras de esqui - levaram quatro obras dos pintores impressionistas Paul Cézanne, Vincent Van Gogh, Claude Monet e Edgar Degas. Foi o segundo roubo de obras de arte na Suíça em menos de cinco dias, transformando o pacato país no centro das atenções da Interpol e de especialistas em roubo de pinturas.

A polícia suíça estima que o valor das obras roubadas chegue a US$ 163,3 milhões, o que coloca a ação como o maior roubo de arte já ocorrido no país. Foram levados do Museu Buehrle os quadros Campo de Papoulas perto de Vétheuil (1879), de Monet, Conde Lepic e suas Filhas (1871), de Degas, Branches de Marronier en Fleurs (ramos de castanheira em flor) (1890), de Van Gogh, e Rapaz de Colete Vermelho (1888), de Cézanne.

Para o porta-voz da polícia de Zurique, Marco Cortese, o roubo das telas é um dos maiores já ocorrido na Europa. Ele comparou o roubo ao de 2004, quando ladrões levaram O Grito e Madonna de Edvard Munch de um museu na Noruega.

De acordo com a polícia, os ladrões - que ainda estão foragidos - entraram no museu cerca de 30 minutos antes do horário do fechamento.

Enquanto um deles ameaçava os visitantes apontando uma pistola, outros dois foram diretamente às obras mais valiosas do local.

As autoridades de Zurique informaram que um dos ladrões tinha um sotaque eslavo. As obras foram colocadas em um carro branco, que estava estacionado na frente do museu. Testemunhas disseram que parte de uma das telas ficou para fora do carro enquanto os ladrões fugiam.

Sem pistas sobre o paradeiro dos quadros, a polícia suíça informou que pagará o equivalente a cerca de US$ 90 mil por informações que levem aos ladrões.

As obras faziam parte da coleção do polêmico empresário E.G. Buehrle. Nascido na Alemanha, ele é acusado de ter feito sua fortuna vendendo armas para a Alemanha nazista durante a 2ª Guerra.

Após 1945, ele acumulou uma das principais coleções particulares de arte da Europa. Várias das obras em seu catálogo faziam parte de listas de telas roubadas dos judeus pelos nazistas.

ROUBO OU SEQÜESTRO?

Em estado de choque, o diretor do museu, Lukas Gloor, confirmou que os ladrões roubaram algumas das peças mais importantes do acervo.

Ele disse, porém, que a impressão inicial era a de que os assaltantes teriam levado as quatro primeiras telas que viram no setor onde o museu guarda suas obras mais preciosas.

Para Gloor, os ladrões dificilmente conseguirão vender as obras no mercado legal. Ele acredita que o roubo pode ter sido um seqüestro e os ladrões pediriam um resgate pelas telas. Já especialistas afirmam que os ladrões sempre podem encontrar um comprador particular para os quadros.

A Interpol tem uma lista de 30 mil peças roubadas e que até hoje não foram encontradas. O prejuízo é de cerca de US$ 6 bilhões por ano para seguradoras, museus e colecionadores.

Segundo a polícia internacional, um dos motivos para um aumento de roubo de arte no mundo é a valorização que as obras mais tradicionais tiveram nos últimos anos. De acordo com a entidade Art Market Research, o mercado de arte mundial teve uma alta média de 2,5 vezes desde 2002.

O roubo ocorreu exatamente no dia em que outra galeria que havia sido vítima de um roubo reabria suas portas, com segurança reforçada. Nas proximidades de Zurique, o centro cultural de Pfaffikon teve duas obras de Pablo Picasso levadas por ladrões na quinta-feira: Tête de Cheval (Cabeça de Cavalo), de 1962, e Verre et Pichet (copo e jarra), de 1944. As telas haviam sido emprestadas pelo Museu Sprengel de Hannover, na Alemanha. O mais espetacular roubo de arte na Suíça ocorreu em 1994, quando um bando armado levou sete quadros, recuperados seis anos depois.

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