Título: Planalto decide apressar nomeações
Autor: Samarco, Christiane ; Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/02/2008, Nacional, p. A9

Desfecho sobre apadrinhados do PMDB deve sair esta semana

Christiane Samarco e Vera Rosa

Preocupado com a instalação iminente da CPI dos Cartões, o Palácio do Planalto quer nomear esta semana os apadrinhados do PMDB para os postos de comando da Eletrobrás e da Petrobrás. É grande a pressão do partido para que o governo aproveite as reuniões dos conselhos administrativos da Eletrobrás e da Petrobrás, respectivamente previstas para amanhã e sexta-feira, e efetive as indicações acordadas entre dirigentes peemedebistas e petistas.

A decisão de apressar as nomeações, efetivando os afilhados políticos do PMDB e também do PT, visa a fortalecer a base governista e facilitar a vida do governo ao longo das investigações sobre o mau uso dos cartões corporativos no Congresso. O PMDB apresentou ao governo candidatos a oito cargos-chave no setor elétrico e deve emplacar o presidente da Eletrobrás e os diretores administrativo e financeiro da empresa. Na reunião de líderes da Câmara que discutiu a instalação da CPI mista, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) manifestou-se contra a participação dos deputados no inquérito dos senadores. ¿Administrar aliado em CPI dá mais trabalho ao governo do que administrar a oposição¿, alertou.

A aposta geral da cúpula do partido e de setores do governo é de que o nome de José Antonio Muniz Lopes seja levado a exame do conselho da Eletrobrás, para presidir a empresa na condição de afilhado do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), e do senador José Sarney (PMDB-AP). Isso, a despeito de o preferido da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para o posto ser Flávio Decat, apadrinhado a seu pedido pelo governador peemedebista do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.

Também há disputa pela Diretoria Internacional da Petrobrás. Setores do governo e do PMDB não têm dúvida de que o escolhido será o candidato da bancada mineira, Jorge Zelada. Revelam, contudo, que o senador petista Delcídio Amaral (MS) se juntou a Renan Calheiros (PMDB-AL) e ao deputado Jader Barbalho (PMDB-PA). Os três trabalharam por Nestor Cerveró.

PROBLEMAS

A lista dos indicados pelo PMDB foi fechada nas últimas 48 horas, em uma série de reuniões com a participação dos ministros de Minas e Energia, Edison Lobão; de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do Planejamento, Paulo Bernardo. Um interlocutor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou ontem que todos os nomes foram investigados e dois deles não passaram pelo crivo da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e, por isso, foram considerados ¿inadequados¿ pela Casa Civil.

Um deles é o do ex-deputado Benjamin Maranhão, sobrinho do senador José Maranhão (PMDB-PB), que foi envolvido em denúncias de corrupção da Operação Sanguessuga da Polícia Federal e não conseguiu se reeleger. O interlocutor de Lula diz que a resistência do Planalto em acolher essa indicação para a Diretoria de Projetos Especiais fez com que o tio senador desistisse de Benjamin, passando a apadrinhar Ubirajara Rocha Meira.

Não é o que fez Jader, que insiste em ver Lívio Rodrigues de Assis no comando da Eletronorte. Segundo a Abin, Assis tem problemas com a Fazenda Nacional e é réu em vários processos na Justiça. O deputado diz, porém, que seu afilhado tem certidões negativas e documentos que comprovariam a improcedência das denúncias. Ainda assim o interlocutor presidencial que teve acesso ao levantamento da Abin crê que Assis é um ¿candidato-problema¿ que dificilmente emplacará.

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