Título: Ataque deixa Ramos-Horta em estado crítico e Timor Leste em emergência
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/02/2008, Internacional, p. A12

Presidente timorense, baleado no peito e no estômago, foi transferido em coma induzido para hospital da Austrália

REUTERS, AP, EFE E AFP

Díli - O governo de Timor Leste declarou ontem estado de exceção durante 48 horas após a tentativa de assassinato contra o presidente timorense, José Ramos-Horta, e do primeiro-ministro, Xanana Gusmão.

Ramos-Horta, de 58 anos, estava ontem em estado crítico após ser atingido por um tiro no estômago e dois no peito. Ele foi submetido a uma cirurgia no hospital das tropas australianas em Timor e levado logo depois, sedado, para a Austrália.

Segundo o diretor-geral do Hospital Real de Darwin, Len Notaras, o presidente timorense havia sido submetido a vários exames, recebeu transfusão de sangue e foi ligado a um respirador artificial. Até ontem à noite, permanecia em condição estável. ¿Acredito que terá uma recuperação completa¿, disse Notaras, destacando que os próximos dois ou três dias serão cruciais. Os médicos temem que ainda haja fragmentos de balas no corpo do presidente.

Ramos-Horta, Prêmio Nobel da Paz de 1996, foi atacado ontem às 7 horas locais (20 horas de domingo em Brasília) por um grupo de militares rebeldes quando fazia exercícios diante de sua casa em Díli, capital timorense. Segundo fontes, os rebeldes dispararam de dois veículos. O líder dos rebeldes, Alfredo Reinado, e um de seus homens foram mortos durante troca de tiros, assim como um dos seguranças presidenciais.

Xanana Gusmão escapou ileso de um outro ataque rebelde contra a caravana de veículos em que viajava, cerca de uma hora após o atentado contra o presidente. Segundo um segurança de Xanana, o atentando contra o primeiro-ministro foi liderado por outro comandante rebelde, Gastão Salsinha.

Antes de decretar o estado de exceção, Xanana tinha afirmado que a situação em seu jovem país de 1 milhão de habitantes, que obteve a independência da Indonésia em 2002, estava sob controle. ¿Considero que o incidente foi uma tentativa de golpe de Estado de Reinado, mas que fracassou¿, disse Xanana. Ele qualificou os ataques de ¿uma operação bem planejada com o objetivo de paralisar o governo e criar instabilidade¿.

Austrália e Nova Zelândia anunciaram que enviarão mais soldados para reforçar a segurança no Timor Leste. O governo australiano pediu a seus cidadãos que não viajem para o Timor, temendo uma onda de violência como a que ocorreu em meados de 2006, deixou 37 mortos e pôs o país à beira de uma guerra civil. Ela foi desencadeada pela demissão de 600 militares rebeldes liderados por Reinado, que reclamavam dos baixos soldos e descriminação (ler mais ao lado). As forças australianas ajudaram a restaurar a calma em Timor e Ramos-Horta foi eleito presidente em 2007.

BRASIL

O Brasil condenou ontem o atentado contra Ramos-Horta, destacando que mantém seu ¿firme compromisso de continuar colaborando para a construção de um Estado timorense soberano, estável, democrático e próspero. Vários países também enviaram ontem mensagens de solidariedade ao governo timorense, entre eles França, Portugal e EUA, assim como a ONU.

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