Título: Presidente suíço defende bancos acusados pela PF
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/01/2008, Economia, p. B12

Para Pascal Couchepin, crime de lavagem de dinheiro, pelo qual respondem o UBS e o Credit Suisse, foi cometido por executivos

Contrariando as investigações da Polícia Federal (PF) brasileira, o presidente da Suíça, Pascal Couchepin, garantiu que os bancos UBS e Credit Suisse são inocentes nos processos de lavagem de dinheiro e na prisão de executivos suíços no Brasil nos últimos meses.

¿A política oficial dos bancos suíços é de não tolerar nenhum lavagem de dinheiro¿, afirmou. Os esquemas revelados pela PF teriam somado R$ 1 bilhão em sonegação de impostos e evasão de divisas. ¿Não há nenhuma indicação de que os bancos estejam envolvidos em ações criminosas. Esses incidentes foram cometidos fora das atividades dos bancos¿, afirmou Couchepin.

No fim de 2007, executivos suíços do UBS foram presos pela PF por suspeita de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro e uso de doleiros no Brasil. Um ano antes, a PF havia detido um gerente do Credit Suisse, Peter Schaffner, e apreendido computadores do banco.

Schaffner, que obteve habeas-corpus, conseguiu sair do Brasil para evitar o processo. Para não voltar ao País e escapar do interrogatório da PF, ele alegou ter síndrome do pânico e, por essa razão, não poderia viajar de avião.

No caso mais recente, a PF prendeu os gerentes Luc Mark Depensaz (UBS) e Reto Buzzi (do Clariden Leu) na Operação Kaspar 2, sob acusação de evasão de divisas. Depensaz teria dito à PP ¿que quem tem dinheiro no Brasil não fica preso¿.

PROVAS

¿Foram atos isolados e cometidos por indivíduos. Não sei mesmo se eles não teriam dupla nacionalidade¿, alegou Couchepin, insinuando que os banqueiros presos não seriam apenas suíços.

A declaração do presidente suíço contrasta com os resultados das investigações no Brasil. Em novembro do ano passado, a procuradora Karen Kahn disse que as provas indicavam que os bancos sabiam das ações dos funcionários. Os gerentes recomendavam a clientes que queriam enviar dinheiro para fora do País de forma irregular que entrassem em contato com doleiros.

¿Os bancos estão colaborando com as investigações e tenho plena confiança na Justiça brasileira de que os fatos serão estabelecidos para que se conheça a verdade¿, afirmou Couchepin, que também ocupa o posto de Ministro do Interior.

Apesar de haver a suspeita de que os bancos sabiam das operações, a Justiça brasileira vai julgar os suspeitos individualmente. Credit Suisse e UBS planejam captar novos clientes no Brasil em 2008, com a abertura de agências.