Título: O aumento do emprego formal
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Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2008, Notas e Informações, p. A3

O emprego com carteira assinada cresceu 5,85% em 2007, com a criação de 1,617 milhão de postos de trabalho formais, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Esse crescimento recorde foi conseqüência da aceleração do ritmo de crescimento de todos os setores da atividade econômica, em todas as regiões do País, e da formalização do emprego.

O setor que mais empregou foi o de serviços, onde foram abertas 587,1 mil vagas (crescimento de 5,29% em relação a 2006). A maioria desses postos foi criada no comércio, administração de imóveis e serviços técnico-profissionais (249,3 mil, com aumento de 8,91% sobre 2006), bem como nos serviços de alojamento, alimentação e manutenção (170,2 mil, +4,13%). Isto se deve, em grande parte, ao aquecimento das atividades de construção civil, onde a remuneração é inferior à média dos salários pagos no setor de serviços, mas que tem repercussão em uma grande variedade de atividades.

O segundo maior gerador líquido de vagas formais foi o comércio propriamente dito, com 405 mil postos formais. O crescimento de 6,56% em relação a 2006 foi obtido, em parte, graças à formalização de empregos preexistentes, o que trouxe inegáveis vantagens para empregados que passaram a ter direito à assistência médica, férias, 13º salário, recolhimento previdenciário e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Houve crescimento do emprego no varejo (+6,40%), mas mais ainda no atacado (+7,44%), o que indica que as empresas investiram em logística e distribuição para melhorar as condições de competição de seus produtos. Conforme dados do IBGE, entre janeiro e novembro do ano passado o faturamento do comércio varejista teve um crescimento de 9,7% em relação ao mesmo período de 2006 - o que também explica o aumento do emprego.

A indústria de transformação abriu 394,5 mil vagas formais em 2007, alta de 6,0% em relação a 2006. Os segmentos que puxaram esse crescimento foram o de alimentos - que gerou, isoladamente, uma quarta parte dos novos postos -, o da indústria automobilística e o de bens de capital (material de transporte, metalurgia e indústria mecânica).

A construção civil teve o maior crescimento porcentual, com a geração de 175,5 mil empregos: 13% a mais do que em 2006. O que permitiu esse crescimento foi o aumento substancial dos recursos para financiar as obras provenientes das cadernetas de poupança (que tiveram captação líquida de R$ 26,5 bilhões, em 2007), do FGTS e do produto da colocação de ações das construtoras no mercado de capitais.

Na administração pública, 15,2 mil vagas foram abertas (+2,36%), quase o dobro das 8,2 mil do ano anterior. Em dezembro, 18,4 mil pessoas foram demitidas, mas este é um fenômeno sazonal. Ocorre que muitos contratos temporários se encerram em dezembro e só são renovados no início do ano seguinte.

Na Região Sudeste foram criados 949,7 mil empregos; seguindo-se o Sul, com 300,3 mil vagas; o Nordeste, com 204,3 mil; o Centro-Oeste, com 93,9 mil; e o Norte, com 68,9 mil postos formais. No Estado de São Paulo, onde se concentram as atividades da indústria automobilística e do setor imobiliário, foram abertos 611,5 mil postos (+6,7%), cerca de 35% do total do País. Depois de São Paulo, os principais Estados criadores de vagas formais foram Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Mesmo no Rio Grande do Sul, Estado que enfrenta grave crise fiscal, houve uma significativa geração líquida de empregos, de 94,3 mil postos.

A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, de dezembro, é coerente com as estatísticas do Caged, mostrando que o desemprego recuou para 7,4%, no mês passado, um ponto porcentual abaixo dos 8,4% apurados em dezembro de 2006. Houve, no período, aumento de 3% da população ocupada nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE. Mas o rendimento real dos empregados com carteira assinada do setor privado evoluiu apenas 0,7%, no ano passado, enquanto a renda dos empregados na informalidade cresceu 12,1%, o que indica que os novos empregos formais - em geral, no setor de serviços - são de baixa qualidade.