Título: Itália inicia consultas para decidir seu futuro político
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Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2008, Internacional, p. A11

Franco Marini, presidente do Senado, é favorito para chefiar governo interino após renúncia do premiê Prodi

O presidente italiano, Giorgio Napolitano, iniciou ontem consultas políticas para encontrar uma solução para a crise no país, um dia após o primeiro-ministro Romano Prodi ter sido derrotado em voto de confiança no Senado e ter apresentado sua renúncia. A saída do premiê, eleito em maio de 2006, foi precipitada pela decisão do pequeno partido Udeur de abandonar a coalizão de centro-esquerda liderada por Prodi. Esse é o 61º governo que os italianos já tiveram desde o fim da 2ª Guerra.

A queda-de-braço no país deve ser agora entre Napolitano, que quer estabelecer um governo interino até que a atual legislação eleitoral seja alterada - a lei, criada pelo ex-premiê Silvio Berlusconi em 2006, dá muito poder aos partidos pequenos, criando coalizões instáveis -, e o próprio Berlusconi, que exige a convocação imediata de eleições. A pressa da ala centro-direita italiana em convocar nova votação deve-se ao fato de que pesquisas recentes mostram que a aliança de Berlusconi venceria com facilidade. ¿Não há motivo para perder mais tempo, devemos ir às urnas o quanto antes¿, afirmou o ex-premiê, que comemorou com champanhe a derrota de Prodi.

O presidente do Senado, Franco Marini, foi o primeiro político a reunir-se ontem com Napolitano. Marini, de 74 anos, é um dos mais cotados para liderar um eventual governo interino. Apesar de se identificar mais com a centro-esquerda, Marini também tem bom trânsito na base moderada da direita. Outro nome de força é o de Gianni Letta, subsecretário do governo de Berlusconi. O advogado de 72 anos é respeitado pela alas moderadas da política italiana, de esquerda e de direita.

Prodi descartou a possibilidade de chefiar o governo interino. ¿Não acredito ser a pessoa correta para o cargo. Acho que agora serei apenas um avô¿, disse o ex-premiê.

Apesar do medo de que a crise interfira no crescimento da economia italiana - a terceira maior da Europa -, analistas afirmam que a queda de Prodi deve ter pouco impacto, uma vez que a instabilidade política de sua coalizão já havia impossibilitado o avanço das reformas no país.