Título: Presos das Farc exigem que reféns sejam soltos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/01/2008, Internacional, p. A16

Grupo de 600 rebeldes detidos não aceita ser moeda de troca da guerrilha

Efe e France Presse

Cerca de 600 dos 1.600 rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que estão detidos em prisões do governo enviaram ontem uma mensagem ao comando centra l da guerrilha exigindo a libertação imediata dos reféns políticos em poder do grupo e se recusando a ser usados como moeda de troca num possível acordo humanitário.

'Queremos dizer ao Secretariado das Farc que não conte conosco para um futuro acordo humanitário e exigimos a libertação dos seqüestrados o mais rápido possível', disse num vídeo o suposto porta-voz dos presos, Ovidio Saldaña, conhecido como pelo codinome de Raúl Agudelo.

A mensagem foi divulgada pelo Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário da Colômbia (Inpec), entidade estatal responsável pela administração dos presídios do país. Ela é mais um duro golpe para as Farc, que nos últimos anos foram debilitadas por uma forte ofensiva militar do governo colombiano e hoje são condenadas por mais de 90% da população.

Na semana passada, fotos e cartas nas quais reféns da guerrilha relataram as más condições em que são mantidos em cativeiro chocaram a Colômbia e motivaram manifestações de repúdio de diversos países e organizações internacionais. Poucos dias depois, centenas de rebeldes presos divulgaram um comunicado no qual se dizem dispostos a abrir mão de sua participação nas Farc e pedem para ser incluídos no programa do governo para a desmobilização e reintegração de guerrilheiros e paramilitares.

As Farc se dizem dispostas a trocar 44 reféns reféns políticos por cerca de 500 guerrilheiros presos . Até agora, porém, a guerrilha não divulgou uma lista dos rebeldes que quer ver soltos. Os únicos nomes citados pelas Farc são os dos guerrilheiros conhecidos como Sonia e Simón Trinidad, que já foram extraditados e estão cumprindo pena nos EUA.

Segundo Agudelo, que está preso em Bogotá, a troca por reféns é rejeitada por 600 dos insurgentes que estão em prisões de todo o país. 'Há um grupo de integrantes das Farc que não está de acordo com essa troca', disse o diretor do Inpec, Eduardo Morales.

MARULANDA

Ainda ontem, o jornal Correio Braziliense publicou que, segundo um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o líder máximo das Farc, Manuel Marulanda, estaria com câncer e a cadeia de comando da guerrilha estaria fragmentada.

Uma fonte ligada aos órgãos da inteligência militar brasileira disse ao Estado que menções a um suposto câncer de Manuel Marulanda já constavam em um relatório de 2003. COLABOROU ROBERTO GODOY