Título: BCE fez o que devia, diz Trichet
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/01/2008, Economia, p. B3

Presidente do Banco Central Europeu rebate críticas

Rolf Kuntz, DAVOS

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, reafirmou ontem o compromisso de combater a inflação e voltou a justificar a decisão de manter em 4% a taxa básica de juros da zona do euro, anunciada na semana passada.

O BCE, segundo Trichet, fez o que devia para proporcionar segurança numa fase de turbulência no mercado. Em primeiro lugar, manter bem ancorada a expectativa de inflação. Isso foi feito com a manutenção dos juros. Em segundo, oferecer a liquidez necessária, por meio de leilões de dinheiro, para garantir o funcionamento do mercado monetário.

Trichet vinha sendo criticado por não ter seguido o Federal Reserve, o banco central dos EUA, que na semana passada, antes da reunião mensal de seu Comitê de Mercado Aberto no fim do mês, cortou os juros básicos. Chegou a haver rumores de que o BCE acabaria afrouxando sua política.

Trichet participou ontem, no fim da tarde, de uma sessão do Fórum Econômico Mundial, em Davos. Além de justificar e reafirmar a política do BCE, defendeu a regulamentação do mercado financeiro, contra a opinião de banqueiros privados também presentes na sessão.

Se o acordo de Basiléia II tivesse sido implementado com maior presteza na Europa e nos EUA, disse Trichet, ¿parte das dificuldades atuais teria sido provavelmente evitada¿. Basiléia II, negociado no âmbito do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), é mais severo que o acordo de Basiléia I quanto a normas de segurança e de transparência para o setor bancário.

Segundo Trichet, a auto-regulação do mercado é desejável, embora insuficiente. O mercado, afirmou, deveria adotar regras tanto para prevenção quanto para solução de crises. Mas a regulação oficial é necessária e também deve ser sujeita a permanente aperfeiçoamento, porque o mercado é dinâmico e novas formas de operação aparecem todo o tempo.

Cada participante expôs suas opiniões e não chegou a haver um debate animado.

Na platéia, o economista Stephen Roach, presidente do Morgan Stanley em Hong Kong, tirou uma soneca, com o queixo encostado no peito. Depois de alguns minutos, acordou e saiu da sala.

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