Título: UE indica que será mais flexível e pede urgência
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/01/2008, Economia, p. B4

A União Européia (UE) iniciou ontem uma ofensiva para tentar injetar um senso de urgência na retomada das negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), iniciadas em novembro de 2001.

O comissário europeu para o Comércio, Peter Mandelson, alertou que, se um acordo não for fechado até dezembro, ele será tornará ¿praticamente impossível¿ em conseqüência da mudança de governo nos Estados Unidos - cujas eleições estão marcadas para novembro deste ano.

Mandelson também sinalizou que Bruxelas poderá ser mais flexível nas negociações para a abertura de seus mercados de produtos agrícolas aos países emergentes, uma reivindicação do Grupo dos 20 (G20), que inclui Brasil, China, Índia e África do Sul.

No sábado, paralelamente ao encontro anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, ministros dos principais países negociadores da Rodada Doha - incluindo o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim - vão se reunir para tentar reiniciar as negociações.

Segundo Mandelson, esse encontro não deve render ¿manchetes de jornais¿ e sim o início de um processo de ¿máximo esforço¿ para se concluir a rodada. ¿Mas um acordo pode ser fechado neste ano, pois o que nos separa não são fatores econômicos, mas políticos, que podem ser superados coletivamente¿, disse o representante europeu a jornalistas. ¿Se falharmos, será imperdoável.¿

Ele salientou a necessidade de a Rodada Doha ser concluída ainda neste ano.

¿Nunca seremos capazes de concluir as negociações após o fim do ano, quando um novo governo assumirá nos Estados Unidos, depois de tudo o que foi feito pelo governo do presidente George W. Bush nessa área¿, disse.

¿Depois deste ano, não será fácil, na verdade, será praticamente impossível se chegar a um acordo¿, concluiu

Segundo Mandelson, a atual crise nos mercados financeiros e a desaceleração econômica nos Estados Unidos não são obstáculos para a conclusão da rodada. Ele sinalizou que o aumento mundial dos preços dos alimentos poderá estimular a UE e outros países ricos a ampliarem suas concessões na abertura dos mercados agrícolas.

¿Os preços dos alimentos podem ajudar nas negociações¿, afirmou. ¿Há menos necessidade de os países ricos subsidiarem seus setores agrícolas.¿ Mandelson também indicou que Bruxelas poderá mostrar mais flexibilidade nas suas demandas de abertura dos setores industriais e de serviços nos países emergentes, entre eles o Brasil.

¿Se houver um pouquinho mais de progresso nas negociações dos setores de serviços e de bens industriais, acredito que um acordo pode ser alcançado.¿ Esse posição contrasta com a mantida por Bruxelas até o fim de 2007, de exigência de abertura mais agressiva de países como Brasil e Índia.

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