Título: Lula alerta aposentado para dívida excessiva
Autor: Sobral, Isabel
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/01/2008, Economia, p. B6

Presidente diz que crédito consignado é importante, mas é preciso cautela

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou ontem os aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para que não se endividem em excesso. Segundo ele, o alongamento, para 60 meses, do prazo do empréstimo consignado (com desconto em folha) e a facilitação do uso do cartão de crédito devem ser usados com ¿cuidado¿.

¿São medidas importantes, que representam uma conquista do aposentado. Agora, é preciso tomar cuidado¿, comentou Lula, em discurso pela comemoração dos 85 anos da Previdência Social e do dia do Aposentado, no Palácio do Planalto.

Lula usou a crise nos Estados Unidos para pedir atenção aos segurados para o comprometimento de renda. ¿Essa crise americana tem um pouco a ver com cartão de crédito. Se a gente não precisar botar a mão no bolso, vai gastando mais do que se tivesse de tirar uma notinha do bolso. Então, é preciso que a gente tome cuidado com isso, viu Marinho?¿- disse, se dirigindo ao ministro da Previdência Social, Luiz Marinho.

A crise americana começou com a excessiva exposição de instituições financeiras em créditos no mercado de hipotecas de alto risco no setor imobiliário. Ao fazer o alerta, Lula cobrou campanhas de esclarecimento das entidades de aposentados e pediu a contribuição da imprensa.

Após a cerimônia, Marinho afirmou que serão colocados alertas escritos no verso do informativo semestral de renda dos segurados (uma espécie de contracheque) que o INSS começará a distribuir este ano.

No início deste mês, o INSS permitiu o comprometimento de até 10% da renda mensal de aposentados e pensionistas com compras financiadas pelo cartão de crédito consignado. Os juros são de até 3,7% por mês. Para isso, foi reduzido de 30% para 20% o porcentual que pode ser usado para o crédito consignado tradicional, com juros de 2,64% ao mês.

CENSO

Marinho informou que o censo previdenciário, iniciado em outubro de 2005 para atualizar os dados de cerca de 17 milhões de beneficiários do INSS, resultou em 85 mil benefícios cortados por irregularidades. Ele acrescentou que, a cada quatro anos, o governo fará a atualização do cadastro, convocando os segurados por meio das agências bancárias, seguindo o modelo do primeiro censo.

O INSS está cruzando os dados informados com outras bases de dados de órgãos públicos. O presidente do INSS, Marco Antonio Oliveira, explicou que o objetivo da atualização do cadastro a cada quatro anos é manter os dados do INSS confiáveis.

Os detalhes da convocação periódica dos segurados do INSS por intermédio dos bancos estão sendo negociados dentro do grupo de trabalho montado no fim do ano passado para definir a venda direta ou o leilão da folha de pagamentos do INSS