Título: Gabrielli elogia garantia jurídica na Bolívia
Autor: Caminoto, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2008, Economia, p. B4

O presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, disse ontem que ¿não há lugar onde haja mais garantia jurídica do que na Bolívia¿, referindo-se especificamente ao contrato de produção de gás do Brasil no país andino. Participante pela quarta vez do Fórum Econômico Mundial, Gabrielli fez parte ontem de um debate no qual, inevitavelmente, o assunto Bolívia veio à tona. O nome do painel era ¿Uma Mistura Perigosa: Nacionalismo, Recursos Naturais e Altas Expectativas¿.

Em entrevista após o debate, o presidente da Petrobrás relatou que, de fato, foi perguntado sobre a Bolívia, e explicou que a Petrobrás e o Brasil não foram prejudicados de forma desleal com as grandes mudanças que o presidente Evo Morales introduziu no setor de petróleo e gás.

Segundo Gabrielli, o Brasil vendeu suas duas refinarias e sua operação de distribuição de gasolina por um valor justo. ¿Não perdemos nada¿, disse. No caso do contrato de compra de gás pelo Brasil, ele explicou que ¿nunca foi contestado¿ pelos bolivianos. Na produção de gás, de fato houve aumento de impostos e mudanças nas bases contratuais, mas Gabrielli considera que essas alterações estão dentro da alçada legítima de governos nacionais. Ele observou que o atual contrato de produção na Bolívia foi aprovado pelo Congresso do país, e foi nesse contexto que elogiou as garantias dos bolivianos.

Gabrielli observou que as mudanças nas regras do jogo não são privilégio de países em desenvolvimento. ¿Conversei aqui com alguns produtores ingleses de biocombustíveis que estão apavorados¿, disse, explicando que o governo do Reino Unido reduziu os incentivos ao setor. Da mesma forma, disse, os EUA alteraram o regime de royalties diferenciados para produtores em águas profundas do México.

Com uma ponta de ironia, ele recordou o ¿sufoco¿ da Petrobrás para mostrar às agências de classificação de risco a qualidade do seu primeiro bônus lastreado em receitas futuras, em contraste com o alto rating (nota) que as mesmas agências conferiram aos instrumentos financeiros lastreados nas hipotecas subprime, que levaram aos recentes desastres nos mercados financeiros.

O nível de atenção dispensado a Gabrielli neste Fórum foi bem maior do que nas edições passadas às quais compareceu. Vinda de grandes descobertas recentes de petróleo e gás, a Petrobrás subiu à posição de sexta maior do mundo no setor, em um momento em que as estatais petrolíferas passam a ser consideradas protagonistas do mercado global de energia.