Título: Evo quer equilibrar fornecimento de gás
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2008, Economia, p. B8
Presidente da Bolívia diz que Brasil e Argentina não podem ser egoístas
O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou que o Brasil e a Argentina não podem ser ¿egoístas¿ em relação ao gás. Em uma breve passagem por Buenos Aires, Morales afirmou ter convocado os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, para uma reunião em que chegariam a um acordo quanto ao ¿equilíbrio¿ entre os volumes de gás que a Bolívia produz e as necessidades de ambos os países. ¿As demandas de gás na Argentina, no Brasil, e também na Bolívia, continuarão crescendo¿, afirmou Evo.
Atualmente, a Bolívia envia ao Brasil 30 milhões de m³ de gás por dia. Para a Argentina, a exportação é de 7,7 milhões de m³ (embora o envio para o mercado desse país tenha sido reduzido a 2,7 milhões de m³). Ambos os países pedem o fornecimento de mais combustível.
Segundo o presidente boliviano, nenhum de seus dois colegas se pronunciou a respeito da possível reunião. Evo Morales espera que o encontro sirva para definir os volumes de gás que a Bolívia fornecerá para os mercados de ambos os países ao longo de 2008.
GASODUTO
De olho na crise de escassez de energia que afeta a Argentina, a presidente Kirchner dedicou-se ontem a reforçar a aliança com a Bolívia. Para isso, promoveu uma cerimônia de lançamento da licitação que escolherá os fornecedores dos tubos para a construção do Gasoduto do Noroeste Argentino (GNEA). O início das obras está previsto para junho.
Com 1.465 km de extensão, o gasoduto poderá elevar a capacidade de envio de gás boliviano em 20 milhões de m³ por dia, abastecendo as regiões noroeste, nordeste e centro-leste da Argentina, além da província de Buenos Aires, responsável pela produção de um terço do PIB do país. A obra implicará investimento de US$ 1,88 bilhão.
Segundo o ministro do Planejamento Federal da Argentina, Julio De Vido, o gasoduto poderia ser inaugurado em 2010, ano emblemático para o país, já que marca o bicentenário da Revolução de Mayo, que deu início ao processo da independência argentina.
Em outra medida, a Casa Rosada anunciou o empréstimo de US$ 450 milhões à Bolívia para a construção de uma unidade separadora de gases perto da fronteira argentina.
INDÚSTRIA CRESCE
A atividade industrial argentina foi 7,5% maior em 2007, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). O organismo destacou que o crescimento foi proporcionado, principalmente, pelo bom desempenho da indústria automotiva. A produção do setor aumentou 25,4% em 2007, um recorde histórico.