Título: Armado com faca, homem fere 3 em missa de aniversário na Sé
Autor: Mayrink, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2008, Metrópole, p. C7

Polícia diz que pedreiro Benedito do Pagode estava embriagado; ele foi levado para o 1.º DP

O pedreiro Benedito de Oliveira, mais conhecido como Benedito do Pagode, provocou um tumulto e feriu três pessoas com uma faca, ontem de manhã, durante a celebração da missa comemorativa dos 454 anos do aniversário de São Paulo, na Catedral da Sé, celebrada pelo cardeal-arcebispo, d. Odilo Pedro Scherer.

Com um cavaquinho na mão esquerda, Benedito do Pagode subiu em um banco da ala lateral esquerda do templo e começou a falar em voz alta, com palavras confusas, durante a homilia do cardeal, que lembrava o trabalho pastoral e social da Igreja na cidade. Quando a segurança interna da Sé tentou retirar o pedreiro, ele sacou uma faca e tentou reagir. A faca tinha 30 centímetros de comprimento e cabo de madeira.

¿Vamos manter a calma¿, disse d. Odilo, interrompendo a homilia, enquanto Benedito do Pagode, derrubado, tentava se livrar dos agentes de segurança e, nessa altura, também de policiais militares. ¿Me solta, São Paulo¿, gritou o pedreiro, ao ser agarrado.

No embate com a segurança, ele feriu Ivan Gomes, da Pastoral do Menor, o capitão Mauro Ricciarelli, da Polícia Militar. Ambos foram atingidos levemente nas mãos e liberados, depois de atendidos no Pronto-Socorro Vergueiro. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, uma terceira vítima, um policial de 41 anos cujo nome não foi informado, se apresentou na delegacia durante elaboração do boletim de ocorrência.

O incidente ocorreu a dois metros da área em que se encontravam o prefeito Gilberto Kassab, o secretário e subprefeito Andrea Matarazzo, os ministros Luiz Marinho (Previdência) e Carlos Lupi (Trabalho), o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Vaz Lima (PSDB), o secretário da Segurança, Ronaldo Marzagão, e os senadores Eduardo Suplicy (PT) e Romeu Tuma (PTB).

O pedreiro olhava para a frente e não parecia se dirigir a ninguém, especificamente, enquanto falava de cima do banco. Ele só saiu do lugar quando foi agarrado pelos agentes de segurança. O local em que se encontrava era distante do altar-mor, onde o cardeal d. Odilo Scherer celebrava, acompanhado de 13 bispos e dezenas de padres. Entre os bispos, d. Luiz Flávio Cappio, de Barra (BA), que em dezembro fez uma greve de fome - a segunda - contra a transposição do Rio São Francisco.

¿A impressão que se tem é de que ele estava embriagado e, aparentemente, não tinha a intenção de atacar nenhuma autoridade¿, disse o coronel Álvaro Camilo, da Polícia Militar, comandante da região centro da capital. ¿Benedito de Oliveira é uma figura conhecida e tem várias passagens pela polícia por roubo, ameaças e lesão corporal¿, acrescentou. O capitão Ricciarelli, ferido ao tentar desarmar o pedreiro, estava à paisana e integrava a equipe de segurança do secretário de Segurança, Ronaldo Marzagão.

D. Odilo lamentou a falta de segurança na cidade, ¿até numa igreja, onde não deveria haver violência¿. A maioria dos 1,5 mil fiéis que estavam na catedral não entendeu o que estava ocorrendo.

Benedito do Pagode foi detido e levado para o 1.º Distrito Policial, onde passou a tarde prestando depoimento. A polícia ouviu também as vítimas e agentes pastorais que presenciaram o incidente. Quando a cerimônia acabou, um funcionário da Catedral da Sé limpou as manchas de sangue deixadas no chão e um capitão da PM recolheu o cavaquinho de Benedito, encostado numa coluna.