Título: CGU investigará ministro da Pesca por despesas com cartão corporativo
Autor: Filgueira, Sônia
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/01/2008, Nacional, p. A4

Controladoria-Geral da União informa que a solicitação da apuração partiu do próprio titular da pasta

Além das despesas com cartão corporativo realizadas pela ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial, a Controladoria-Geral da União (CGU) vai investigar os gastos feitos pelo secretário especial da Pesca, Altemir Gregolin. Pelas normas do governo, o controle das despesas desses órgãos cabe à Secretaria de Controle Interno da Presidência. A CGU acompanha os gastos com cartões corporativos dos ministérios e órgãos não ligados à Presidência.

Por determinação da Comissão de Ética Pública, porém, a CGU já está examinando as despesas com cartões de Matilde. O Ministério Público Federal também está investigando gastos desse tipo feitos por ministros. Um procedimento administrativo com essa finalidade foi aberto na semana passada.

A CGU informou que o pedido de verificação foi feito pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, por solicitação do próprio Gregolin. À noite, a assessoria do secretário informou em nota que, segundo comunicado de Dilma a Gregolin, ¿não houve pedido de investigação das contas do cartão do ministro. Houve sim, uma disposição do ministro em apresentar suas prestações de contas à Controladoria-Geral da União, para que não restassem dúvidas a respeito dos seus gastos em viagens oficiais¿.

Segundo a secretaria, Gregolin está tranqüilo, pois os gastos envolvem agendas de trabalho e estão em conformidade com a lei. Sua assessoria informou que ele gastou R$ 21,6 mil em 58 roteiros de viagens realizadas ao longo de 2007, que incluíram visitas a 85 municípios. E argumentou que viagem idêntica realizada por um funcionário de escalão intermediário acarretaria despesas com diárias de R$ 23 mil.

A secretaria explicou que os técnicos da CGU examinaram ontem mesmo os gastos do ministro e não encontraram nenhuma irregularidade. As despesas incluem hotéis, restaurantes e um jantar de R$ 500 que, segundo a assessoria, foi oferecido a uma comitiva de 30 representantes do governo chinês em visita ao País. Há, ainda, um gasto de R$ 70 em uma choperia, que corresponderia a uma refeição sem consumo de bebidas alcoólicas.

Matilde Ribeiro gastou quase sete vezes mais que Gregolin no cartão. Em 2007, ela pagou dessa forma R$ 171,5 mil em despesas de viagem . Na média, os gastos equivaleram a R$ 14,3 mil mensais, mais do que seu salário, de R$ 10,7 mil. As despesas incluíram hotéis, restaurantes e aluguéis de carros, a fatia mais pesada da fatura: R$ 121,9 mil, sempre pagos à mesma empresa de locação de veículos. A ministra também pagou com o cartão uma conta de R$ 461 em um free shop.

Sua assessoria informou que ela cometeu um ¿engano¿ e devolveu o dinheiro relativo à despesa. O ressarcimento ocorreu em janeiro, três meses depois do gasto. Sua assessoria também alegou que no ano passado Matilde intensificou contatos nos Estados, o que elevou o número de viagens. Afirmou ainda que, ao contrário de outros ministérios, o órgão não tem estrutura regionalizada e, por isso, as despesas com locomoção são mais elevadas.