Título: FHC vai a inauguração com Serra e Kassab
Autor: Darcie, Paulo
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/01/2008, Nacional, p. A8

`Não vim para um palanque político¿, disse ex-presidente, que já havia mostrado simpatia pela candidatura do atual prefeito de São Paulo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) apareceu ontem de surpresa na inauguração das Estações USP Leste e Comendador Ermelino da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Durante os discursos, FHC subiu ao palanque e ficou ao lado do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e do governador José Serra (PSDB).

Em seu discurso, Kassab agradeceu a presença do ex-presidente, dizendo que veio abrilhantar a inauguração - que foi na Estação Comendador Ermelino. Mais tarde, tanto FHC quanto o governador negaram que a visita tivesse ligação com um possível apoio à candidatura do prefeito à reeleição. Serra disse que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi convidado, mas não pôde participar, pois estaria em Ourinhos.

O motivo da visita, segundo FHC, seria apenas conhecer as estações e prestigiar uma exposição de fotos históricas da Universidade de São Paulo, expostas na Estação USP Leste.

Ele contou que o convite veio do secretário estadual de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella. ¿Não vim para um palanque político. Vim em apoio à zona leste e à USP. O Portella me fez vir aqui ver o trabalho magnífico¿, disse. ¿Quando chegar o momento adequado, eu falo o que acho sobre política.¿

Em entrevista ao Estado, ele já havia demonstrado simpatia pela candidatura de Kassab à reeleição, que seria combinada à de Alckmin para o governo em 2010 - Serra ¿ficaria livre¿ para disputar o Planalto.

O ex-governador, porém, já disse várias vezes que o PSDB deveria disputar a prefeitura e ele poderia ser o candidato.

Serra preferiu evitar o assunto eleições. ¿É um evento público, de governo, não vamos misturar com questão eleitoral¿, afirmou.

O governador lamentou a ausência de Alckmin e elogiou o esforço de seu governo para melhorar a CPTM.

Na semana passada, Serra decidiu que passaria a chamar Kassab e Alckmin para acompanhá-lo em seus compromissos públicos, a fim de frear as especulações sobre seu apoio nas eleições.

Mas a estratégia pode trazer aos dois problemas com a Justiça Eleitoral. ¿Em tese, pode gerar questionamentos à luz da legislação eleitoral, que veda a utilização de bens públicos em proveito de partidos ou candidatos¿, disse o procurador eleitoral de São Paulo, Mário Bonsaglia.

ENCONTRO

Em encontro na noite de ontem, em Belo Horizonte, Serra e o governador de Minas, Aécio Neves, negaram haver clima de animosidade no PSDB para a definição de quem será o candidato à Presidência da República em 2010.

Provocado por uma jornalista, Serra chegou a pronunciar um tímido ¿viva Aécio¿, demonstração de que apoiaria o governador mineiro, caso seja a vontade do partido.

Aécio, que articula com o prefeito de Belo Horizonte, o petista Fernando Pimentel, chapa única para as eleições municipais deste ano, disse que a aliança em outros níveis com o PT deve ser vista com cautela. Parala ele, eleições municipais não podem ter dimensão nacional. ¿São realidades locais que devem ser assim interpretadas.¿COLABORARAM SILVIA AMORIM e LEONARDO WERNER