Título: Mineração teria dado impulso aos investimentos
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2008, Economia, p. B3
Para economistas, a compra da MMX pela Anglo American pode ter pesado na entrada de US$ 4 bi
A forte entrada de investimento direto estrangeiro no País neste mês surpreendeu o mercado. Dados preliminares divulgados ontem pelo Banco Central indicam o ingresso de US$ 4 bilhões, quase o dobro do valor de janeiro de 2007, quando esse tipo investimento atingiu US$ 2,4 bilhões.
Para economistas ouvidos pelo Estado, esse número acima da média pode ter sido influenciado pela entrada de recursos para pagamento de algum grande negócio fechado recentemente. Poderia estar relacionado, por exemplo, à compra, por US$ 5,5 bilhões, da MMX, controlada pelo empresário Eike Batista, pela mineradora inglesa Anglo American. A perspectiva, dizem os economistas, é de que os investimentos estrangeiros este ano fiquem próximos dos US$ 34,6 bilhões de 2007.
¿O cenário continua muito favorável para o investimento externo no Brasil, e a razão principal é o crescimento da nossa economia¿, afirmou Júlio Sérgio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e hoje assessor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Ele se mostra, porém, cauteloso, diante dos valores. ¿Gostaria de ver os dados com detalhes, porque é um número muito alto, em função da crise financeira internacional.¿
Gomes de Almeida considera natural que haja uma desaceleração no ritmo de investimentos estrangeiros no País até que o cenário internacional fique mais claro.
O presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima, lembra que, se projetado para o ano, o número parcial de janeiro sinaliza um ingresso de US$ 53 bilhões ao Pais. ¿É óbvio que isso não vai se repetir, mas os próximos dados deverão ser muito bons, a despeito da incerteza em relação ao crescimento global.¿ A previsão da Sobeet para este ano é de ingresso de quase US$ 35 bilhões em investimento direto estrangeiro, repetindo o recorde de 2007.
Na avaliação do economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio Vale, a tendência geral dos investimentos diretos estrangeiros no Brasil é de desaceleração gradual. A crise internacional, segundo ele, deve frear um pouco quem vai decidir investir no País e isso deve ser mais sentido no primeiro semestre.
A crise de energia também poderia afugentar investidores, observa o economista. ¿Se de fato se consolidar um cenário de energia ainda mais cara neste ano, como esperamos, parte dos investidores pode ficar arredio e esperar para ver como a situação será resolvida.¿
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