Título: Brasil será flexível dentro de limites, diz Amorim
Autor: Warth, Anne
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2008, Economia, p. B7
Ministro não quis revelar até quanto o País pode reduzir as tarifas industriais na Rodada Doha
O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, disse ontem que a posição do Brasil nas negociações da Rodada Doha será flexível, dentro de alguns princípios e proporcionalidades.
Após almoçar com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, o ministro se irritou ao ser questionado sobre se o Brasil aceitaria reduzir suas tarifas de bens industriais em um coeficiente 20 na fórmula suíça, o que resultaria em redução de 64% na tarifa máxima consolidada de importação, de 35% para 12,73%. Pela proposta, a tarifa média aplicada pelo País, de 14%, cairia para 11,74%. Do total de 9 mil itens da pauta de importação brasileira, 4,9 mil sofreriam cortes.
Segundo o porta-voz do Planalto, Marcelo Baumbach, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, sondou a aceitação desse índice, por telefone, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente não teria aceitado o coeficiente, mas tampouco o teria rejeitado. A indústria brasileira alega que quebraria com um coeficiente inferior a 30. Na fórmula suíça, quanto maior o coeficiente, menor o corte tarifário.
¿Nós temos uma proposta que é o coeficiente 30. Agora, vamos ver o que acontece¿, disse Amorim. De acordo com o ministro, a proposta que o Brasil aceitará para o teto anual de subsídios americanos para a agricultura será a que chegar mais perto do piso proposto pelo grupo de agricultura da Organização Mundial do Comércio (OMC), entre US$ 13 bilhões e US$ 16,5 bilhões.
Amorim não revelou quais seriam os limites que o País aceitaria na redução das tarifas industriais e na definição de um teto anual para os subsídios americanos à agricultura. Segundo ele, da mesma forma que EUA e União Européia esperam que o Brasil ceda em suas posições, o Brasil e os membros do G-20 também desejam que sejam feitas contrapartidas pelos países desenvolvidos.
Na avaliação de Amorim, as eleições americanas, a ameaça de uma crise nos Estados Unidos e de uma recessão no Japão, segundo noticiou o banco Goldman Sachs, poderiam ajudar na conclusão da Rodada Doha. ¿Toda vez que houve uma crise, uma recessão, e medidas protecionistas ou de fechamento do comércio foram adotadas, redundaram em mais recessão sem resolver os problemas.¿
Caso a Rodada Doha leve mais de três anos para ser concluída, Amorim disse que o Brasil poderá partir para a negociação de acordos bilaterais com países e blocos comerciais.
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