Título: Senado desafia Bush com novo plano
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2008, Economia, p. B8

Parlamentares democratas rejeitam pacote de estímulo fiscal acertado entre o Executivo e a Câmara dos Deputados

O presidente do Comitê de Finanças do Senado dos Estados Unidos, Max Baucus (democrata eleito por Montana), apresentou ontem um plano de estímulo à economia de US$ 156 bilhões que difere daquele proposto na semana passada pelo presidente George W. Bush.

A principal modificação feita pelo senador foi a inclusão de cheques de até US$ 500 para trabalhadores aposentados cuja única renda seja a pensão. A proposta de Bush será analisada pela Câmara dos Deputados amanhã.

Nos últimos dias, o presidente americano tentou pressionar o Senado a aceitar o projeto da Câmara, negociado na semana passada com o secretário do Tesouro, Henry Paulson. ¿A Casa Branca afirma que nós não devemos retardar o acordo do pacote de estímulo ou impedi-lo¿, disse Baucus. ¿Eu concordo. Nós vamos melhorá-lo e aprová-lo imediatamente¿, acrescentou.

Na quinta-feira, o presidente Bush anunciou que o Executivo havia chegado a um acordo com o Congresso para a implementação de um pacote de medidas para evitar que a economia americana entre em recessão.

O plano, composto basicamente por abatimentos tributários para pessoas físicas e incentivos fiscais para o investimento corporativo, totaliza cerca de US$ 150 bilhões. Uma das medidas prevê o envio de cheques de entre US$ 600 e US$ 1.200 para os cidadãos, além de US$ 300 extras para cada criança.

Com o movimento coordenado por Baucus, o Senado desafia claramente a administração Bush e ameaça atrasar a aprovação do pacote. Segundo Jim Manley, porta-voz do líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, a expectativa é de que o plano dos senadores seja votado até o fim da semana.

Para incluir os aposentados, a proposta de Baucus reduz o valor dos cheques que serão enviados para o restante da população. Em vez da faixa de US$ 600 a US$ 1.200 de Bush, ele sugere US$ 500 a US$ 1.000.

O pacote fiscal é um dos temas que seriam abordados por Bush, na noite de ontem, em seu discurso anual ¿O Estado da União¿ (a fala do presidente no Congresso começaria à meia-noite de ontem).

¿O presidente está preocupado com os esforços que podem atrasar ou deformar o pacote que já foi acertado com os líderes partidários (democratas e republicanos) na Câmara¿, afirmou o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto. ¿O Senado está ameaçando criar um conflito partidário ao tentar criar programas adicionais¿, observou.

SEGURADORAS DE CRÉDITO

A edição eletrônica do jornal britânico Financial Times informou ontem que os esforços para ajudar as seguradoras de bônus dos EUA ganharam força ontem, depois de o Estado de Nova York apontar bancos de investimentos para assessorarem o plano de resgate que poderá dar linhas de crédito de apoio para as seguradoras.

Essas empresas têm enfrentado sérios problemas em decorrência das perdas dos bancos no mercado de hipotecas de alto risco dos EUA. Elas eram contratadas pelas instituições financeiras para cobrir eventuais prejuízos na área. Com o agravamento da crise das hipotecas, muitas não têm conseguido fazer frente às obrigações.

Os esforços de socorro, segundo o FT.com, estão sendo encabeçados por Eric Dinallo, superintendente de Seguros do Estado de Nova York. Dinallo, disse o FT, recebeu apoio em caráter privado da unidade de Nova York do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e de outras autoridades reguladoras.

Na semana passada, Dinallo se reuniu com mais de 10 bancos, aos quais pediu entre US$ 5 bilhões e US$ 15 bilhões para o setor de seguros de bônus.

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