Título: Desembargador vai à Justiça contra assessores de Requião
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/01/2008, Nacional, p. A9

Lippmann tenta barrar dossiês que sugerem a sua ligação com bingo

O desembargador federal Edgard Lippmann Júnior, que proibiu o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), de atacar adversários políticos e desafetos pela Rádio e TV Educativa (RTVE), ingressou ontem com ação judicial para impedir a divulgação de dossiês que o apontam como suposto aliado de empresários do bingo estabelecidos em Curitiba.

A ação indica três assessores de Requião que estariam envolvidos na veiculação de relatórios contra o juiz. Um deles é Doático Santos, assessor especial do governo para Assuntos de Curitiba. Santos é presidente do diretório municipal do PMDB na capital paranaense e coordenador da Frente Ampla pelos Avanços Sociais, que congrega cerca de 300 entidades.

Lippmann já decidiu que vai processar diretamente Requião por calúnia, difamação e danos morais. ¿Essas ações serão protocoladas ainda esta semana¿, anunciou o desembargador, que impôs multa de R$ 50 mil ao governador por manifestação ofensiva a pessoas e instituições pela Educativa. A base dos processos, informou, são declarações do governador sobre a sua conduta. ¿São manifestações profundamente agressivas¿, avalia o magistrado.

Chama-se ação inibitória a primeira medida de Lippmann contra o grupo peemedebista ligado a Requião. ¿O objetivo é obstar novas divulgações e fazer com que seja retirado de sites e blogs os dossiês sem fundamento, com informações sem prova alguma e que denigrem a imagem do juiz¿ , explicou o advogado Jaceguay Ribas, que representa Lippmann. ¿Divulgações que ofendem a honra do juiz, o Poder Judiciário, os princípios democráticos, a harmonia entre os Poderes.¿

CENSURADO

Requião considera-se censurado e vê como ¿agressão¿ a decisão do desembargador que o impediu de usar a TV para atacar rivais. O governador declarou que mandou fechar um bingo, mas Lippmann mandou que a casa fosse reaberta.

¿Entendo que é importante esse tipo de divulgação, porque demonstra que há um interesse tão somente político do desembargador e das suas ligações com o gueto anti-social¿, afirmou Doático Santos. ¿O vínculo dele com os bingos é uma questão emblemática. Entre os documentos que repassamos, estão depoimentos que atestam que o juiz cobrou R$ 300 mil para autorizar a reabertura dos bingos e recebeu mensalidade de R$ 60 mil. São depoimentos detalhados, prestados à Polícia Civil do Paraná¿, disse o assessor.

Lippmann explicou que realmente deu liminares em favor de um bingo, mas cassou sua própria decisão logo que foi informado sobre a constituição irregular da empresa controladora do jogo. ¿Na época das liminares, não havia definição sobre a legalidade ou não do jogo¿, observou o desembargador.