Título: PF ouvirá uruguaio sobre morte de Jango
Autor: Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/01/2008, Nacional, p. A10

A Polícia Federal vai tomar o depoimento do uruguaio Mário Neira Barreiro, ex-agente do serviço de inteligência do Uruguai. Preso na penitenciária de segurança máxima de Charqueadas (RS), ele declarou ter participado da vigilância e do suposto assassinato por envenenamento do ex-presidente João Goulart, morto em 1976, vítima de ataque cardíaco, quando estava exilado na Argentina.

Caso ele confirme as declarações, publicadas pela Folha de S. Paulo, a PF vai abrir inquérito e retomar investigações sobre um dos capítulos mais nebulosos da história recente do País. ¿Se houver algum fundamento no que ele diz, é dever de ofício nosso investigar e o faremos sem constrangimento¿, afirmou o diretor-geral do órgão, delegado Luiz Fernando Corrêa.

A ordem para interrogar Barreiro foi dada por ele ontem ao superintendente da PF no Rio Grande do Sul. As declarações do ex-agente do serviço secreto uruguaio confirmam as suspeitas da família Goulart de que Jango, deposto em 1964 pelo golpe militar, foi envenenado.

Conforme essa versão, sustentada inclusive por João Vicente Goulart, filho de Jango, o ex-presidente teria sido envenenado por substâncias colocadas por militares uruguaios nos medicamentos que ele tomava, a pedido da ditadura brasileira.

COMPETÊNCIA

O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, afirmou ontem que não é de sua competência investigar a informação de que o Estado brasileiro teria ordenado ou contribuído para um atentado contra Jango. O procurador ainda avalia para qual foro de primeira instância - e de qual Estado - deverá encaminhar o assunto. COLABOROU FELIPE RECONDO