Título: Relatório da OIE pode levar País a outro revés
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2008, Economia, p. B1

Versão preliminar indica que ainda não há um controle do gado, principalmente em MS e MT

A suspensão do comércio de carne brasileira com a Europa pode ser apenas o primeiro problema enfrentado pelo Brasil neste ano com relação à qualidade do produto nacional. Um relatório-bomba está prestes a ser publicado pela Organização Mundial da Saúde Animal (conhecida como OIE), com sede em Paris. As recomendações sobre um país feitas pela entidade servem de base para que governos tomem medidas contra a produção da região.

Fontes em Paris revelaram ao Estado que um grupo de veterinários da OIE esteve no Brasil, Paraguai e Argentina em dezembro para verificar a situação das fronteiras e dos surtos de aftosa nos três países.

O Brasil esperava ser declarado, finalmente, zona livre da doença, depois que em 2006 o surto apareceu em três Estados - São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul -, que foram impedidos de comercializar a carne.

Mas uma versão preliminar do documento dos veterinários internacionais indica que ainda não há um controle do gado, principalmente em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Na prática, isso pode significar a manutenção das restrições comerciais ou até mesmo uma ampliação das medidas para outros Estados hoje livres do problema, como Mato Grosso.

O governo, em uma tentativa desesperada de evitar o pior, mandou às pressas a Paris o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Jamil de Souza, para tentar convencer a entidade a modificar as conclusões esperadas em seu relatório. As reuniões ocorrerão amanhã na capital francesa.

O Brasil também se comprometeu a refazer o relatório que havia preparado sobre a situação no País para, assim, tentar atender às exigências dos técnicos.

A OIE é considerada uma organização científica e tem suas recomendações seguidas por uma série de governos sobre o que devem permitir entrar em seus territórios e o que devem proibir.

¿Essa é uma situação que me preocupa muito mais que a suspensão da União Européia¿, afirmou Pedro Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).

Para o presidente da Associação Irlandesa de Fazendeiros, Padraig Walshe, ¿não há nenhum controle efetivo¿ do gado que circula entre o Paraguai, onde a aftosa é endêmica, e o Brasil.

Links Patrocinados