Título: Contra crise, Lula confia no 'arroz, feijão e pimenta'
Autor: Nogueira, Rui
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2008, Economia, p. B12

Presidente diz que o Brasil passará longe da crise americana, mas teria quebrado se ela tivesse ocorrido em outro momento dos últimos 30 anos

A crença de que a crise financeira nos Estados Unidos não afetará o Brasil foi expressa novamente, ontem, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, ¿por três razões¿ o País não deve ser afetado e tem tudo para crescer muito em 2009, permitindo que ele entregue o governo ao sucessor (em 2010) com um ¿vigoroso¿ crescimento econômico.

As razões, segundo o presidente, são a balança comercial menos dependente dos Estados Unidos, o mercado interno em expansão e o papel que os países emergentes, como China e Índia, desempenham na economia mundial.

Esses países, que nos anos 70 e 80 eram fonte de preocupação por causa do baixo crescimento e dos problemas fiscais crônicos em que viviam, hoje estão crescendo a taxas consistentes e com fundamentos econômicos de governança mais sólidos.

Na opinião de Lula, fazendo o ¿feijão com arroz, temperado com uma pimentinha¿, o Brasil passará ao largo da crise americana provocada pela desaceleração brutal nos negócios imobiliários.

O presidente fez as declarações no encerramento do almoço oferecido ao presidente do Timor-Leste, o Nobel da Paz Ramos Horta, no Itamaraty.

Depois, durante a inauguração das novas instalações da Agência Central dos Correios em São Paulo, no início da noite, Lula disse que o País vive um momento de muita tranqüilidade e responsabilidade. Segundo ele, se a atual crise americana tivesse ocorrido em outro momento dos últimos 30 anos, quando a economia brasileira ¿definhava, com momentos de picos e esperanças que terminavam logo em seguida¿, o País poderia ter quebrado.

Ele citou que toda uma geração de economistas -- entre eles José Serra (atual governador de São Paulo), Eduardo Suplicy (senador PT-SP) e João Sayad (atual secretário estadual de Cultura), acreditava que o Brasil ¿não tinha jeito¿. Todos eles estavam no evento.

¿Passamos vários anos achando que o Brasil não tinha jeito. E o que nós estamos vivendo hoje? Um momento de tranqüilidade, sem perder a responsabilidade¿, disse. ¿Artigos em todas as revistas do mundo dizem que possivelmente o Brasil será o País que sairá mais ileso dessa crise.¿ Para Lula, este momento é mérito da sociedade e dos políticos, tanto a favor como contra o seu governo.

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