Título: Decisão desmoraliza entidade, diz advogado
Autor: Recondo, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2008, Nacional, p. A4
Candidatos que OAB indicou reagem com perplexidade a medida do STJ
Fausto Macedo
¿Quando a gente entra num certame desses é para ganhar ou para perder¿, disse ontem Orlando Maluf Haddad, de 56 anos, 33 de advocacia civil e comercial em São Paulo. Ele disse ter sido tomado por um sentimento de ¿surpresa desagradável¿ com a decisão do STJ. Considera que o fato ¿desmoraliza a entidade OAB¿.
Haddad declarou que desconhece os motivos da rejeição à lista da Ordem. ¿Espero que (o STJ) tenha motivo suficiente para essa atitude.¿ Segundo ele, existem condições objetivas, de apreciação subjetiva, que são fixadas pela Constituição - o candidato deve ter notório saber jurídico e ilibada reputação, pelo menos. ¿Essas condições são aferidas pela Ordem, todos os advogados que preenchem esses requisitos podem se habilitar.¿ Foi a primeira vez que a Ordem incluiu Haddad na lista sêxtupla.
Ele conta que cumpriu à risca os procedimentos, até a tradicional maratona na corte - visitou 30 ministros, um a um, de gabinete em gabinete. ¿Fui muito bem recebido por todos e a eles entreguei meu currículo. Advogo muito no STJ, mas você tem de se fazer conhecer pessoalmente.¿
Desde 9 de dezembro, quando a lista foi fechada pela Ordem, Haddad viajou cinco vezes a Brasília para levar aos magistrados suas credenciais. ¿Muitos ministros eu já conhecia¿, assinalou. ¿Existe uma liturgia. Eu segui o ritual, marquei reunião, fui aos gabinetes, respeitosamente. Os outros candidatos também fizeram. É normal.¿
¿Eu acho que estava preparado até para não conseguir (a indicação)¿, anotou Haddad. ¿Mas gostaria que fosse aferida minha condição profissional. Tenho direito.¿
Cezar Bitencourt, de 58 anos, criminalista que advoga em Porto Alegre e em Brasília, recebeu ¿com humildade¿ a decisão do STJ. Mas lamentou: ¿Eu me sinto constrangido, envergonhado, perplexo.¿
¿Está instalada uma crise institucional¿, afirmou.¿A OAB é tão instituição quanto o STJ.¿ Ele também visitou os ministros. Advogado há 15 anos, antes promotor de Justiça por 16 anos, Bitencourt é professor, doutor em direito penal, autor de 20 livros que são referência nos tribunais.
¿Pela primeira vez na minha vida vou me abster de dar uma opinião¿, disse Bruno Espiñeira, de 36 anos, formado pela Universidade Federal da Bahia, mestre em direito.
¿Estou condenado a um silêncio obsequioso¿, afirmou Roberto Gonçalves, defensor público do Piauí, pela segunda vez indicado. Foi o mais votado pela OAB.
Os outros advogados rejeitados são Flávio Cheim - formado pela Universidade Federal do Espírito Santo, juiz eleitoral - e Marcelo Lavocat Galvão, de 38 anos, formado pela Universidade de Brasília .
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