Título: Tucano quer apurar cartões da Presidência
Autor: Arruda, Roldão
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2008, Nacional, p. A6

Álvaro Dias diz que do gasto de R$ 4,9 mi só foram explicados R$ 100 mil

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse ontem que o decreto do governo para tentar moralizar o uso de cartões corporativos é ¿um paliativo¿, cujos efeitos não alcançarão a Presidência, onde acha que estão os mais graves problemas. Ele citou como exemplo uma auditoria dos Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a despesa da Presidência com cartões em 2006.

Segundo o TCU, o gasto chegou a R$ 4,9 milhões, mas foram apresentadas notas fiscais de apenas R$ 100 mil. Dias disse que para justificar a falta de comprovantes o governo argumentou que se tratava de questões de segurança nacional.

O decreto sobre o uso dos cartões corporativos só será publicado no Diário Oficial da União da quarta-feira. Ele restringe saques em dinheiro a 30% do limite do cartão, que varia de ministério para ministério e é liberado para a Presidência e órgãos estratégicos. Também limita a situações excepcionais o aluguel de veículos e proíbe pagar com cartão bilhetes de viagens e diárias. As regras foram anunciadas na quinta-feira.

Para Dias, qualquer medida que não alcance a Presidência é insuficiente. ¿A resistência incomum no que diz respeito aos gastos com cartões do Planalto permite a todos deduzir que o grande escândalo é lá que está.¿

Ele disse que um pedido do Senado de acesso aos extratos dos cartões do Planalto foi rejeitado sob a alegação de que a excessiva documentação inviabilizaria sua remessa. ¿Sugerimos que autorizassem um auditor do TCU a chegar até esses papéis e eles aceitaram, mas depois de três dias impediram o funcionário de trabalhar, sempre sob a alegação de que o acesso aos gastos comprometeria a segurança nacional.¿ Dias espera que o Senado examine outro requerimento de acesso aos extratos. Se for negado, o senador informou que o PSDB recorrerá à Justiça.

Ele disse que sua suspeita também se baseia na reação da Casa Civil à denúncia de que eram frias quatro notas fiscais de artigos de papelaria enviadas ao TCU. Segundo Dias, foi provado que a empresa emissora, FR. Comércio, Serviço e Representação, era de fachada. Depois de o Planalto negar a acusação, sindicância da Casa Civil atestou que a FR. emitiu 24 notas frias para comprovar despesas da Presidência. A ministra Dilma Rousseff ficou de tomar providências, mas Dias disse que até agora não se sabe se algo foi feito.