Título: Lula articula no Rio apoio ao candidato de Sérgio Cabral
Autor: Tosta, Wilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2008, Nacional, p. A7

Mobilização, iniciada no aniversário do governador, vem 10 anos após intervenção que implodiu diretório

Uma década após a intervenção que implodiu o PT do Rio em 1998, o presidente Lula resolveu se mobilizar pessoalmente para que o partido não concorra à prefeitura carioca e apóie o preferido do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) para o Palácio da Cidade, o secretário Eduardo Paes (Esportes).

A articulação começou no almoço do aniversário de 45 anos de Cabral Filho, no último dia 25, e cresceu a partir do início desta semana, com a visita do dirigente petista Francisco Rocha, o Rochinha, ao PT local. O objetivo foi fazer um mapeamento da situação do petismo do Rio, onde quatro pré-candidatos ambicionam a candidatura. Rochinha é conhecido como um dos dirigentes com acesso direto ao presidente.

O almoço foi uma surpresa da mulher do governador, Adriana Ancelmo, para o marido, e aconteceu no Palácio Laranjeiras. Ali, Adriana, Lula, a primeira-dama Marisa Letícia, secretários e políticos surpreenderam Cabral Filho com um almoço à francesa, regado a vinhos da França e Itália e arrematado com charutos.

Em uma das conversas, quem surpreendeu foi Lula. Ele foi apresentado por Cabral Filho a Paes - que, quando no PSDB, foi um dos mais duros críticos do presidente, em 2005 - e, além de saudá-lo amistosamente, se dirigiu a Benedita. O presidente constrangeu-a, perguntando se não retiraria sua pré-candidatura para apoiar o secretário. O gesto, inicialmente, foi visto como jogo de cena, para agradar ao governador e seu pré-candidato, que ainda luta para conseguir a indicação do PMDB.

Outras evidências, porém, aumentaram a desconfiança no petismo. Benedita quer concorrer ao Senado em 2010 e não tem apoio no PT - é vista como liderança fragilizada, que poderia ser cooptada para apoiar Paes. A movimentação de Rochinha, veterano em missões do gênero, também alertou os petistas.

Pelas articulações, ao PT do Rio caberia a vaga de candidato a vice-prefeito. Quatro petistas são pré-candidatos a prefeito na capital. Quem mais avançou foi o deputado estadual Alessandro Molon. Além de Benedita, também disputam o deputado Edson Santos e o ex-deputado Vladimir Palmeira.