Título: Oposição quer investigar cartões de ministros
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2008, Nacional, p. A7

`Estado¿ revelou que pelo menos 10 deles declaram despesas usando nome de assessores

Um dia após o Estado revelar que pelo menos 10 dos 37 ministros declaram gastos com cartões corporativos em nome de assessores e subordinados, a oposição voltou a cobrar investigação. Assim que terminar o recesso parlamentar, o DEM pretende se reunir com o PSDB para definir uma estratégia conjunta para apurar o uso dos 13 mil cartões do Executivo.

Os dois partidos divergem, porém, sobre a idéia de criar uma CPI agora. Enquanto o PSDB é favorável à instalação imediata da comissão, o DEM está reticente. ¿É obrigação da oposição investigar o uso desses cartões. Mas não sei se o mais eficaz é uma CPI¿, disse o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN). O PSDB já começou a recolher assinaturas para uma CPI conjunta da Câmara e do Senado - é preciso o apoio de 171 deputados e 27 senadores.

As chances de a comissão vingar são maiores no Senado, onde o Planalto já foi derrotado na votação da CPMF. ¿O governo não vai conseguir impedir a abertura de uma CPI no Senado¿, garantiu o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM). Para ele, a comissão só não será instalada se o governo concordar em divulgar todas as despesas pagas com os cartões de crédito, inclusive as do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, o tucano contou que usou o cartão de crédito corporativo no período em que esteve à frente da pasta da Articulação Política. ¿Usei o cartão através de um assessor. Mas a responsabilidade dos gastos é minha¿, disse Virgílio. ¿O ministro pode delegar o uso do cartão a assessores. Mas o ministro tem de ser o responsável direto pelos gastos¿, concordou Agripino.

Mesmo contrário à criação da CPI, o líder do PR na Câmara, Luciano Castro (RR), defendeu a investigação. ¿É preciso apurar nesse contexto quem abusou do uso dos cartões¿, disse. Na sua opinião, apenas o presidente da República e integrantes da Polícia Federal deveriam ter direito a cartões corporativos sem limite de gastos.

PRESIDÊNCIA

Sob a alegação de que as despesas presidenciais devem ser mantidas em sigilo por questão de segurança, o governo excluiu do Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União (CGU) informações sobre gastos com alimentação das residências oficiais de Lula bancados com cartões corporativos. Relatório do portal apontou que o assessor especial José Henrique Souza gastou R$ 114,9 mil em compras de itens como vinhos e carnes no ano passado. ¿Por que não querem divulgar os gastos com cartão corporativo do presidente Lula? Ele vai comprar urânio com o cartão?¿, ironizou Virgílio.

Na opinião do ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega, sócio da Tendências Consultoria Integrada, a falta de fiscalização dos cartões desmoraliza um instrumento importante para aumentar a transparência dos gastos. ¿É muito melhor do que quando trabalhei no governo. Fazíamos um adiantamento ao funcionário e depois ele prestava contas.¿

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