Título: Bens de capital pedem incentivos
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2008, Economia, p. B9

Setor reivindica medidas que o ajudem a reduzir custos e a enfrentar a concorrência estrangeira

Marcelo Rehder

De olho nas obras de infra-estrutura que o País precisa fazer, a indústria de bens de capital sob encomenda pede ao governo medidas de política industrial que ajudem o setor a enfrentar a concorrência dos produtos importados, que já dominam mais de 30% do mercado brasileiro. Os fabricantes dos chamados equipamentos pesados alegam que diversos fatores, como condições ruins de logística, tributação elevada e custo de capital mais alto, diminuíram as condições de competitividade do produto nacional, fazendo as importações mais que dobrarem nos últimos dois anos.

¿A situação se agrava a cada ano e o setor precisa ser alvo de uma política industrial corajosa¿, afirma Adilson Primo, vice-presidente da Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib). ¿A indústria de equipamentos é um setor vital para suportar o desenvolvimento da infra-estrutura e da economia, mas a perda de competitividade sistêmica que temos constatado pode prejudicar a execução de programas importantes como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).¿

Segundo a Abdib, a carga de impostos indiretos sobre as empresas instaladas no País chega a 31,2%, enquanto na China esse peso é de 17% e no México, de apenas 15%. O custo de exportação de um contêiner, que na China não passa de US$ 335, aqui atinge US$ 895. Até mesmo a Índia, país cujas condições de infra-estrutura são piores que as do Brasil, tem um custo menor, de US$ 864 por contêiner exportado.

Na China, nosso principal concorrente no mercado interno, o custo de financiamento para projetos de investimento varia de 3% a 5% ao ano. Para projetos prioritários, o custo é zero. No Brasil, esse custo pode atingir 11%.

¿Além de tudo, temos o problema do câmbio, que favorece as importações e desestimula as exportações¿, destaca Primo. Ele argumenta que, nos últimos dois anos, a valorização do real em relação ao dólar foi de 30%, enquanto a da moeda chinesa foi de apenas 10%. Na Argentina, o dólar teve valorização de 8% e no Japão, de 9%.

De acordo com a associação, as importações de bens de capital sob encomenda foram equivalentes a R$ 22,5 bilhões em 2007, o que representou salto de 130% em relação aos valores de 2005 (R$ 9,8 bilhões). Na mesma comparação, o faturamento das empresas brasileiras aumentou 30%, passando de R$ 45,2 bilhões para R$ 58,7 bilhões. Excluindo as exportações, que corresponderam a R$ 10,4 bilhões, o consumo aparente desse tipo de equipamentos no País atingiu R$ 71,2 bilhões em 2007.

A Abdib já entregou ao governo um documento propondo 29 medidas financeiras, tributárias, de comércio exterior, de desenvolvimento e de logística para ajudar o setor. ¿Fomos muito bem recebidos, mas não tivemos resposta¿, diz Primo.

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