Título: Governo quer Infraero na Bovespa
Autor: Graner, Fabio ; Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2008, Economia, p. B11

Idéia é lançar ações da companhia estatal no Novo Mercado, que tem regras mais rígidas de transparência

Fabio Graner e Adriana Fernandes

O governo decidiu acelerar os estudos para a abertura de capital da Infraero, empresa responsável por administrar os aeroportos brasileiros. De acordo com uma fonte do Ministério da Fazenda, a idéia é colocar a empresa no Novo Mercado da Bovespa, que tem regras mais rígidas de transparência e gestão.

Uma das exigências para se fazer parte do Novo Mercado é a colocação de 25% das ações para negociação no pregão da bolsa. O volume elevado exigido, no entanto, pode inibir o ingresso imediato no Novo Mercado, ainda que este seja considerado o cenário ideal, que provocaria um choque de gestão na Infraero.

A venda de ações pode render ao governo R$ 2 bilhões, que poderiam ser utilizados para reforçar o orçamento de investimentos da companhia, melhorando a estrutura aeroviária do País. Mesmo com a abertura do capital, a empresa continuará sob controle do governo, como a Petrobrás e o Banco do Brasil.

O orçamento de investimentos da Infraero para 2008 é de R$ 1,6 bilhão, sendo R$ 1,2 bilhão em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As despesas de custeio projetadas para este ano são de R$ 2,1 bilhões. A companhia tem 10.400 funcionários.

Ainda nesta semana, representantes dos ministérios da Fazenda e da Defesa, pasta à qual a Infraero está subordinada, devem se reunir para definir a forma de encaminhamento dos trabalhos. Provavelmente, o governo terá que traçar um cronograma de venda gradual das ações, pois uma colocação de 25% do capital é avaliada na área técnica como elevada.

Neste momento, os trabalhos estão voltados para a análise da situação da empresa. Numa avaliação preliminar, foram identificados problemas na forma de gestão e na contabilidade, que precisam ser superados para que a Infraero possa entrar no mundo das empresas com ações no mercado.

Passada a etapa de análises e ajustes da estatal, que deve durar no mínimo seis meses, a fase seguinte será voltada para a operação de lançamento das ações, processo que, de acordo com analistas, dura cerca de quatro meses. A idéia de abrir o capital da Infraero foi lançada por setores do governo em 2005. Depois disso, o assunto foi deixado de lado por algum tempo, mas voltou à tona em julho do ano passado, três dias depois do acidente da TAM no aeroporto de Congonhas, a maior tragédia da aviação brasileira.

O Conselho de Aviação Civil (Conac) pediu aos ministérios da Fazenda e Planejamento que fizessem estudos nesse sentido. Apesar disso, os técnicos vinham trabalhando em ritmo considerado lento. Agora, segundo fontes, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, mostra estar mais decidido a acelerar a abertura do capital da empresa. O presidente da estatal, Sérgio Gaudenzi, também apóia a operação.

A abertura de capital também poderia reduzir significativamente o espaço para o uso político da empresa, cujos cargos são há muito tempo utilizados para apadrinhamento e composição política no Congresso.

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