Título: Argentino resiste e não poupa luz
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/02/2008, Economia, p. B5

Apenas 1% da população aderiu à campanha de instalação de lâmpadas de baixo consumo, desde dezembro

O governo da presidente Cristina Kirchner está tentando convencer os argentinos a poupar eletricidade, para evitar uma nova crise de energia, como a vivida pelo país no inverno passado, obrigando a administração do então presidente Néstor Kirchner a impor, ao setor industrial, um racionamento sem precedentes desde a crise energética de 1989. Mas o programa de redução do consumo, anunciado em dezembro, poucos dias depois da posse de Cristina, não está conseguindo o respaldo popular esperado.

O programa, sem a devida campanha publicitária, só está sendo seguido pelo funcionalismo público, que conseguiu reduzir o consumo nas repartições (por meio do uso drasticamente menor do ar-condicionado, do corte de luzes desnecessárias e uso de lâmpadas de baixo consumo), além da diminuição ou suspensão da iluminação de monumentos públicos e edifícios. Por meio do funcionalismo, a redução da demanda de eletricidade foi de 3%, o equivalente a 482 megawatts.

Além disso, o governo conseguiu outro ponto porcentual a menos de demanda por intermédio da reimplantação do horário de verão (fora de uso desde 1993), o equivalente a 171 megawatts. Dessa forma, o governo conseguiu até agora um modesto 4% de poupança energética.

Mas os consumidores residenciais não estão colaborando com o racionamento. Um dos sinais dessa resistência é a recusa da população em aceitar as lâmpadas de baixo consumo oferecidas pelo governo, que reduzem o gasto de energia em 80% (em relação às lâmpadas tradicionais).

Do total de 5 milhões de lâmpadas que seriam distribuídas, a administração de Cristina Kirchner, com a ajuda das empresas distribuidoras de energia elétrica, somente conseguiu entregar 50 mil.

Os funcionários das empresas passam de casa em casa oferecendo duas lâmpadas de baixo consumo por residência em troca das lâmpadas incandescentes tradicionais. Mas, embora as pesquisas feitas pelo governo indiquem que 86% dos entrevistados aprovam o plano de redução de consumo, um total de 99% de desconfiados consumidores não aceitam que os técnicos das empresas entrem em suas casas para instalar as lâmpadas e explicar as medidas que devem ser tomadas para reduzir a demanda de energia. Portanto, somente 1% dos consumidores aceitam a lâmpadas de baixo consumo.

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