Título: Inovações vão demorar para chegar aqui
Autor: Ribeiro, Marili
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2008, Economia, p. B17

Brian Smith, o presidente da Coca-Cola no País, acredita que o mercado brasileiro de bebidas tem muito a crescer ainda, mas esbarra na legislação. A seguir, alguns trechos da entrevista:

Uma pesquisa americana que acabou de sair alerta para o fato de a sacarina, usada em refrigerantes de baixa caloria, engordar mais que o uso do açúcar. Como a indústria vai lidar isso?

Há outros estudos que dizem o contrário. Não acredito que haja nada de prejudicial no uso de adoçantes pela indústria de bebidas. Muito pelo contrário, recentemente uma pesquisadora do tema, da Unicamp, nos falou sobre os benefícios dos adoçantes. Essa pesquisa que foi divulgada ontem é limitada, foi feita com apenas 27 ratinhos. Ainda é preliminar para qualquer conclusão.

A legislação de bebidas no Brasil atrapalha o lançamento de novos produtos?

É bem mais complicada para se trabalhar aqui do que em outros países. No Japão, por exemplo, é fácil e rápido lançar um novo produto. Lá não há limite para se experimentar e inovar. Aqui, onde há muito para se fazer ainda, existem restrições que tornam o processo lento, e não podemos fazer nada quanto a isso. Mesmo assim, veja só o tamanho de nosso portfólio de produtos, que é bem grande.

A companhia tem planos de lançar aqui alguma marca de água vitaminada ou de energético, como já tem nos EUA?

Há realmente muitas oportunidades no mercado brasileiro de bebidas não-alcoólicas. Um mercado que vem crescendo rápido nos últimos anos. Estamos atentos às oportunidades, embora nossa atual linha de produtos ainda tenha muito para crescer antes de novos lançamentos. Temos de ir com calma. As inovações vão ainda demorar para chegar por aqui.

Há uma forte expansão dos negócios pela América Latina dos fabricantes de Coca-Cola mexicanos (caso da Femsa, no Brasil, e da Arca, na Argentina). Como a companhia vê esse movimento ?

Acho que os fabricantes brasileiros deveriam sair comprando no México (risos). O sistema tende a se consolidar e não se fragmentar. E isso acontece todas as vezes em que se obtém maior sinergia. É o que acontece no norte da Argentina, com as aquisições de pequenos produtores que vêm sendo feitas pela Arca. Elas obedecem a essa lógica, e também podem vir a acontecer no Brasil.

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