Título: Europa quer tirar digitais de turistas
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2008, Cidades, p. C9

Comissão Européia propõe criação de banco de dados para aumentar segurança, como fizeram EUA e Japão

Ellen Nakashima e John Ward Anderson, The Washington Post

A Comissão Européia vai propor que todos os viajantes estrangeiros que entrarem ou saírem do continente, incluindo cidadãos americanos, sejam submetidos a datiloscopia - processo de identificação pelas digitais. Se for aprovada pelo Parlamento Europeu na próxima quarta-feira, a medida vai permitir que informações precisas de dezenas de milhões de cidadãos sejam acrescentadas nos próximos anos a bancos de dados que poderão ser compartilhados por governos em todo o planeta.

Os Estados Unidos já exigem que os estrangeiros tenham suas impressões digitais tiradas e sejam fotografados antes de entrar no país. O mesmo processo ocorre no Japão. Agora, autoridades do alto escalão da segurança européia, além do registro das impressões digitais, querem também armazenar fotografias de alguns viajantes para arquivar em banco de dados para toda a Europa, segundo documento obtido pelo The Washington Post.

Esse projeto faz parte de uma vasta e crescente tendência - principalmente nos Estados Unidos - de coletar e compartilhar dados eletronicamente com a finalidade de rastrear e identificar pessoas em nome da segurança nacional e do controle da imigração. Os computadores do governo americano agora têm acesso a dados sobre transações financeiras; detalhes de viagens aéreas, tais como nome, itinerário e número de cartões de crédito; e os nomes daqueles que enviam e recebem pacotes pelo correio.

¿É a única forma de identificar as pessoas de uma forma realmente segura¿, disse um funcionário do alto escalão da Comissão Européia, que tem conhecimento sobre o novo plano de datiloscopia. ¿Com dados biométricos, torna-se muito mais fácil acompanhar os passos das pessoas e saber quem entrou e quem saiu, incluindo possíveis terroristas¿, disse a autoridade, que falou sob a condição de que seu nome fosse mantido sob sigilo.

Ainda não se sabe quando nem como será a logística desse procedimento, mas possivelmente só entrará em execução daqui a um ano. A probabilidade é que as impressões digitais dos viajantes sejam tiradas na chegada e depois confrontadas com um banco de dados, disse a fonte. Ao menos no início, isso vai significar que impressões digitais serão escaneadas eletronicamente nos aeroportos.

¿Isso parece um rolo compressor¿, disse Sophie Veld, membro do Parlamento dinamarquês que acompanha questões de privacidade.

¿Há uma nova tendência, particularmente nos Estados Unidos, Europa e Austrália, de registrar cada detalhe de nossa vida. A questão é: para quê? Será que isso realmente torna o mundo seguro?¿

Links Patrocinados